É chegada a hora de colocar a síndrome mais temida pelas mulheres – e pelos homens – no divã.
Segundo a literatura médica e científica, há mais de 150 sintomas físicos e emocionais diferentes relacionados com o período que anuncia a chegada da menstruação da mulher.
A tão falada tensão pré-menstrual ou TPM é frequentemente associada com problemas de humor, ansiedade, depressão, irritabilidade e nervosismo, mas a análise desses sintomas emocionais merece uma reflexão abrangente e aprofundada.
Durante os mais de 40 anos da minha carreira em que pude atender mais de cinco mil mulheres com idades e perfis dos mais variados, foi possível perceber que o grau de maturidade pode influenciar – direta ou indiretamente – a resposta das mulheres à TPM que se manifesta de formas e intensidades diferentes.
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Para exemplificar, as mulheres com perfil mais imaturo e egoísta tendem a ter reações de natureza agressiva e se sentem mais facilmente irritadas e impacientes. Elas costumam reagir com muita revolta quando contrariadas e isso acontece desde a adolescência, quando se mostram inconformadas com a condição feminina de sentir cólica ou outras dores, além do aparecimento de espinhas no rosto.
Por isso, a tendência é que elas tenham crises de TPM mais frequentes e intensas, pois são menos tolerantes aos desconfortos causados pelas mudanças hormonais. Já as mulheres com perfil mais maduro e que são geralmente mais serenas apresentam normalmente outros sintomas. Elas sofrem mais com depressão, angústia, desânimo e retraimento social.
Outro aspecto é que, em ambos os casos, a intensidade da TPM está relacionada à interferência das variações hormonais no funcionamento da serotonina, neurotransmissor cerebral responsável pelas sensações de prazer.
Os baixos níveis dessa substância estão associados à depressão, ansiedade, tensão e ao aumento do consumo de carboidratos, especialmente o chocolate. Esses casos são comuns após os 30 anos de idade, justamente na fase da vida em que a mulher passa a ter ainda mais responsabilidades, acumulando as tarefas de casa e do trabalho. É quando ela precisa aprender a desempenhar, ao mesmo tempo, os diferentes papéis de mulher, profissional, mãe e tantos outros.
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Para aliviar esses sintomas da TPM existem alternativas como meditação, massagens, acupuntura, prática de exercícios físicos e a mudança na alimentação, além do uso de medicamentos modernos como o anticoncepcional de baixa dose hormonal.
Mas o que pouca gente sabe é que a manifestação mais intensa da TPM é conhecida e estudada pela medicina como Síndrome Disfórica Pré-Menstrual (SDPM). O termo “disforia” significa tristeza ou infelicidade e se refere ao mal-estar físico acompanhado por sentimentos depressivos, irritabilidade e pessimismo.
Estudos revelam que a média de duração dos sintomas da TPM severa é de 5-6 dias ao mês, o que corresponde ao total de oito anos – ou 20% do tempo – durante toda a vida reprodutiva da mulher.
Os estudos também mostram que, em pelo menos 10% das mulheres adultas, a TPM é uma das principais causas de sintomas depressivos e comportamentos antissociais, o que representa uma fonte de sofrimento para milhares de pessoas (não só a mulher, mas também o parceiro, os colegas de trabalho e os familiares que convivem com ela).
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E podemos ir mais além. Muitas vezes, o mal-estar ocasionado pelas mudanças hormonais femininas gera angústia e conflitos que podem, inclusive, interferir no processo de evolução na direção da maturidade e equilíbrio pessoal. Ela se pergunta: quem sou eu? Eu sou essa pessoa da TPM ou aquela do resto do mês? Essa dificuldade de formar juízo sobre si mesma acontece porque os sintomas da TPM somam-se a outros conflitos internos de natureza social ou emocional.
Sem dúvida, a TPM diminui o tempo de ser feliz pois, uma vez que a mulher não se sente bem com ela mesma, transforma esse tempo em períodos de implicância, irritação e problemas em suas relações interpessoais mais íntimas. Por tudo isso, é cada vez mais importante que o tema seja tratado de maneira séria e responsável, afinal, a mulher sem TPM é mais feliz!
(Autor: Flávio Gikovate – Artigo escrito em 2/10/2007)
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