Infelizmente, não serão muitos aqueles que conseguirão entender que o seu próprio comportamento determina grande parte daquilo que acontece em suas vidas.

Isso porque não é fácil aceitar que a gente falha, escolhe mal, machuca, que a gente pode ser desagradável e não atender às expectativas alheias, em diversos aspectos. Aceitar os próprios erros obriga-nos a mudar e mudar dói.

É por isso que muitos relacionamentos, seja de amizade, seja de trabalho, sejam familiares, sejam amorosos, acabam não dando certo. Ficar junto de alguém requer concessões, ajustes e abalos na zona de conforto, porque qualquer interação deverá ser uma via de mão dupla; caso contrário, uma das partes sempre estará com mais pesos nas costas. Porém, o que costuma ocorrer é a cobrança, sem ao menos olhar para si mesmo.

Quem não olha para si mesmo mal se conhece e, pior, fica achando que conhece o outro perfeitamente, uma vez que só repara no que está lá fora. Como não gasta um segundo refletindo sobre os próprios atos, passa o dia prestando atenção no outro, cheio de críticas e de julgamentos.

Cobra dos parceiros tudo o que lhe desagrada, exigindo que o outro mude, sem perceber que, muitas vezes, as respostas que lhe chegam são desagradáveis porque ele próprio oferta pouco e, não raro, de maneira incômoda.

Assim, muitas pessoas irão machucar o outro e, quando receberem de volta o que doaram, ficarão desconcertadas, ficarão perplexas, dirão não entender o porquê de estarem sendo tratadas daquele jeito. E, se o outro não corresponder, não retornar nada, por não ter aceitado ser o único a fazer concessões, elas se sentirão ofendidas e acusarão o parceiro de egoísta, sendo que o egoísmo de si mesmas jamais assumirão. Serão sempre as vítimas da história.

Relacionar-se com quem não reflete sobre si mesmo será uma travessia por demais dolorosa e, na maior parte do tempo, solitária, pois todo o peso afetivo, toda a carga emocional recairá somente de um lado. E amar sem volta ninguém há de merecer.

(Imagem: Jacob Townsend)

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Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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