Em meio a uma crise econômica, em geral, passamos a temer a perda de nosso emprego. A vida está cada vez mais cara, nosso poder de compra é diminuto, ou seja, não poder contar com um salário no final do mês é um pesadelo. Com isso, os ambientes de trabalho tornam-se menos saudáveis, uma vez que todos se veem como concorrentes em potencial.

Nesse contexto, muitos ficam atentos ao próprio trabalho e aos dos outros, com medo de que esteja sendo menos proveitoso, menos competente, menos elogiado e notado pelo superior. E assim não é possível haver interação afetiva verdadeira entre as pessoas que ali trabalham, as quais são tidas como não-amigas, concorrentes, possíveis puxa-tapetes e, portanto, melhor se manterem distantes uns dos outros.

Logicamente, em qualquer serviço, existem pessoas mal intencionadas, falsas, perigosas e fofoqueiras, que sempre estão à procura de derrubar alguém. Mas isso ocorre em todos os setores da vida, desde o mercado de trabalho, até mesmo nas conversas de bar. Quem possui um caráter deformado vai agir de maneira antiética onde e com quem estiver, porque faz parte da pessoa aquela escuridão e seguirá dentro dela para lá e para cá.

Não podemos é, por conta disso, negar compartilhar conhecimento com nossos colegas de trabalho. Na maioria das vezes, as pessoas são gratas com quem lhes ajuda, as pessoas crescem, desenvolvem-se e melhoram, jamais se esquecendo de quem as ajudou nesse percurso. Você será sempre lembrado pela grande maioria daqueles que você se dispôs a ajudar e a ensinar. E isso faz um bem enorme.

Precisamos nos conscientizar de que pode haver alguém que acabe ocupando o nosso emprego e isso não significa que somos derrotados. Ser despedido não é sinal de incompetência, não é motivo para achar que não tem mais jeito. A vida continua e conseguiremos nos recolocar no mercado de trabalho. É preciso encarar como uma nova luta pela frente, um recomeço, uma nova oportunidade de ser melhor e mais forte.

Se houve algum erro de sua parte, aprenda e não o cometa mais. Tudo é aprendizado, tudo vai voltar nos eixos. Apenas continue compartilhando e ensinando, onde estiver. A vida e as pessoas têm um jeito especial de retribuir pelas coisas boas que espalhamos por aí.

(Imagem: Elle Hughes)

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Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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