Ele acordou triste, mas recebeu uma mensagem de uma amiga dizendo que a festa era open bar. Ele não queria ir, mas foi. Durante a festa postou diversos vídeos, alegre e cheio de gente ao redor.

A amiga nunca perguntou se ele estava bem. No dia seguinte, acordou de ressaca e postou uma foto. Recebeu diversos comentários bonitos, não sorriu em nem um. Deveria. São elogios.

No trabalho… pera, não podemos falar de trabalho perto dele. A carreira dele não teve sucesso ou ele acha que não teve. Ele se compara com seus amigos, bem sucedidos, formados, empregados em multinacionais.

Outro dia, ele acorda com a mesma vontade de não acordar. Veste um sorriso e posta mais uma foto. Alerta de nova festa. E lá vai ele, o mais engraçado da roda, munido de deboche e piadas. Ninguém perguntou se ele está bem. Querem tirar fotos.

Mais um dia, mais uma festa. Ele se nega a ir. Tá cansado. Quer ficar sozinho e nem ele entende muito o porquê. Ninguém perguntou se ele está bem. O esquema é bolar a marijuana, virar tequila e tirar mais fotos pra serem postadas.

Instalou o tinder, colocou foto da viagem que fez em uma praia linda. Foto do seu cachorro. Duas fotos sorrindo. E um meme. Perfil natureza, engraçado e foto. Vários matchs, várias conversas vazias.

Amanheceu. Tem um teto, um despertador tocando, uma vontade de chorar que ele não sabe de onde vem. A mãe grita. “Engole o choro, você não pode ser fraco” – pensa. Ele vai tomar café, ninguém na mesa pergunta se está tudo bem. No máximo, conversam sobre a vizinha que fez barraco na noite passada.

Os dias passam e a situação piora. Ataques de ansiedade. Mais vontades de chorar. Mais surtos de solidão. Em meio ao caos, mais festas, mais sorrisos largos e piadas. O bom humor maquia o desespero. Segue sem repostas, na internet há fotos lindas, posts de pessoas dando notícias de conquistas.

Amigos namorando. Legendas emocionantes. Em casa, os pais brigaram. No trabalho, crise financeira e o salário atrasou… a viagem ficará para o próximo semestre.

Meses se passam, a angustia piora. Ele não entende e decide dar fim ao que ele não entende ou finge não entender. A vida não tem sentido. A vida não vai pra frente. A vida não muda, não melhora, não anda. A vida. A vida. A vida. A vida… Fim.

* A morte é muito fácil. É rápida. A parte mais difícil é viver e encarar os obstáculos de cabeça erguida. Você já perguntou aos seus amigos, familiares e colegas de trabalho se está tudo bem? Se precisam conversar? Nem todos conseguem ter força pra pedir ajuda, pior quando não enxergam que estão com problemas.

* Sua vida não é igual a de ninguém mais neste Planeta. Cada um, tem um desenvolvimento diferente. Estrutura familiar, psicológica, emocional, financeira DIFERENTE da sua. Não se compare. Ande, caminhe, busque, não desista. Persista!

* O poder do Universo não falha. Pratiquem a resiliência, paciência e tenham sabedoria de entender de que tudo acontece para o nosso bem, até quando tudo parece desmoronar. Se estamos passando pelo que estamos passando, é porque precisamos aprender alguma coisa nisso. Vamos aprender e passar por mais uma!

* Nem tudo são flores. Os dias ruins, muitas vezes, pioram. Saibamos lidar. Enxergar. Falar. Questionar. Abraçar. Chorar. Fraquejar. Dar dez passos para trás. Procurar saídas. Nos mexer! Sempre!

* Não acredite em tudo que vê. Fotos há filtros. Legendas há mentiras. Risos há lágrimas. Sorriso há tristeza. Viagens há pedido de socorro. A internet tá cheia de gente angustiada, sem saber o que fazer. Eles precisam mostrar que estão felizes, porque nem eles aceitam angustias.

Você não está sozinho, não. Vai passar por isso, acredite em você. Não por mim, nem pelas pessoas que te amam, mas… por você. Acredite-se!

Não há texto que cure depressão. Não é sobre romantizar um problema. É sobre prevenir.

Não desista!

* as ligações de prevenção de suicídio para o Centro de Valorização da Vida, é através do número 188, atendimento 24hrs e são gratuitas.

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Ela ama comer. Tem medo de apontar para uma estrela no céu e acordar com uma verruga no dedo. E também ama comer. Acredita que troca de olhares, às vezes, são mais bem dados que beijos de cinema. Não confia em pessoas que não gostam de animais. E ama comer. Tem medo do escuro e acha normal falar sozinha. Vive no mundo da lua e adora comer por lá também. É sagitariana, paulista, teimosa, devoradora de filmes, gulosa por livros e por comida também. Mas acha tolice tudo acabar em pizza, porque com ela, acaba em texto. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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