Nos últimos tempos um fenômeno humano tem se observado com uma grande frequência, principalmente nas redes sociais: algo que vou chamar de guerras de opinião. Nessa época em que diversas correntes de pensamento têm surgido (ou aparecido), surge também o espírito de defesa ideológica – refletir sobre este é objetivo do presente texto.
Esse fenômeno das redes sócias nada mais é do que o reflexo de um comportamento humano. Desde sempre pessoas tentam convencer outras de que sua maneira de ver o mundo é a mais correta. Em nome disso guerras foram feitas, inúmeras pessoas foram perseguidas, mortas, torturadas, etc.
Como as redes sociais são um mecanismo da contemporaneidade a partir do qual as pessoas expressam livremente suas opiniões, essa imposição se espalhou e ganhou expressão no ambiente virtual. Hoje em dia, nem sempre as divergências culminam em morte ou tortura, mas frequentemente pessoas discutem e amizades e relacionamentos são desfeitos em nome disso.
As diferenças, que poderiam ser uma grande e rica troca para todos, acabam sendo uma grande divisão. E isso muitas vezes sem um “olhar na cara do outro”.
Ter ideias nas quais se apoiar para desenhar os contornos da existência é sempre algo importante. Ter um norte para se direcionar. Viver sem isso é como navegar no mar sem nenhuma bússola. Entretanto minha necessidade de combater aparece quando eu acho que sei o que é melhor PARA O OUTRO.
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Ignoro que o outro tem uma história de vida diferente da minha. Esqueço-me que muitas vezes ele tem objetivos de vida muito diferentes dos meus, ou que tem dificuldades íntimas nos relacionamentos em geral, bem diferentes das minhas.
Deixo de perceber que o outro tem, assim, gostos e aversões muitas vezes bastante distintos dos meus. Mesmo assim, ao me lembrar disso tudo, ainda tenho a prepotência de achar que a minha forma de pensar deve prevalecer sobre a de outra pessoa. Como isso é possível, Vitor?
A vida é composta de decisões, desafios, objetivos, frustrações, etc. Estes estão em renovação constante, a cada nova situação que vivencio.
Isso tudo, em diversos âmbitos: social, afetivo, sexual, trabalho, criativo… Entretanto é muito comum, diante do desenrolar diário da existência eu achar que unicamente as coisas que realizo, externamente, são o cerne da minha vida.
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Acredito que cumprir um dia de trabalho é mais importante do que estar atento ao que sinto durante o mesmo. Acredito que ter um relacionamento é mais importante do que compreender se é isso mesmo que quero naquele momento. E, por fim, acredito que ver o outro concordando comigo é mais importante do que vivenciar eu mesmo o que acredito.
Nem sempre é fácil respeitar a diferença, ainda mais quando aposto em uma ideia. Entretanto, a vida pode ser muito mais ampla do que angariar adeptos dos meus pensamentos. Um mar de demandas importantes para o nosso crescimento nos chama.
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Se, ao longo das vivências, alguém passa a concordar comigo, ótimo, tenho um companheiro. Se não, ótimo também. Seguirei na convicção de que estou sonhando, realizando, vivenciando uma vida autêntica, e certamente estarei compreendendo a posição dos que pensam diferente de mim.
Afinal, o que mais me interessa é minha vida saudavelmente vivida, e não a vida e as escolhas das outras pessoas. O que vier a mais para mim será só um adorno para uma vida que já estará muito bem realizada.
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