As visitas aos EHPAD, estabelecimentos estatais para pessoas idosas dependentes, foram suspensas na França desde o início da epidemia do Covid-19, destaca o jornal Le Parisien desta quinta-feira, aumentando o sentimento de isolamento dos idosos.
A França multiplica as medidas drásticas para evitar a propagação do coronavírus e uma delas é a proibição de visitas aos estabelecimentos. Familiares e amigos devem se comunicar apenas à distância, para evitar qualquer risco de contágio. Os mais velhos estão mais expostos a formas graves do Covid-19, mostram os estudos. Mesmo dentro da casa de repouso, contatos físicos de qualquer tipo devem ser limitados.
A decisão é excepcional, disse Christine Meyer-Meuret, representante das Associações de Aposentados, em entrevista ao Le Parisien. Mas reconhece que é necessária, já que por enquanto não existe qualquer tipo de tratamento contra o coronavírus. A direção dos estabelecimentos já esperava pela medida, acrescenta Christine Morel, diretora médica de uma rede que gerencia 16 casas de repouso. Ela disse já ter prevenido todas as famílias.
A medida já havia sido adotada em locais onde existem focos do coronavírus, como na cidade de Thonon-les-Bains, em Haute Savoie, perto da cidade de La Balme-de-Sillingy, que registra vários casos. A maioria dos residentes aceitaram a decisão e os familiares adotaram “táticas” para que eles se sintam menos isolados. Eles vão até a entrada dos estabelecimentos e passam pela janela bolos, roupas ou sabonetes – uma maneira de demonstrar afetividade apesar das restrições.
Animações estão suspensas
As animações também foram suspensas. Músicos, dançarinos e outros profissionais também não têm mais direito de entrar nas casas de repouso, o que torna ainda mais triste o cotidiano dos idosos – muitos deles nem recebem mais visitas da família. Na terça-feira à noite, o ministro da Saúde francês, Olivier Véran, disse estar consciente do peso que isso representa para as pessoas idosas.
Os diretores decidiram analisar os casos separadamente. Um residente à beira da morte, por exemplo, terá direito a receber a visita de alguém da família. Em entrevista ao jornal Le Parisien, o psiquiatra Michel Lejoyeux, disse que é preciso distinguir solidão objetiva e sentimento de isolamento. “O fato de protegê-los de uma situação de perigo mostra que eles existem e que alguém está cuidando deles”, declarou. “Eu me sinto como em uma ilha deserta”, diz Dominique, 94 anos. Diante de sua TV, ela diz se sentir cada vez mais reclusa.
(Fonte: www.rfi.fr)
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