O hábito de chorar como uma maneira de expressar as emoções parece ser um comportamento exclusivamente humano. Outros animais podem chorar por causa de irritação nos olhos, por exemplo, mas apenas os humanos derramam lágrimas em momentos de extrema tristeza ou alegria. Não há uma resposta clara para a pergunta de por que os humanos choram, mas os psicólogos evolucionistas propuseram algumas explicações.
Certamente é verdade que somos emocionalmente afetados pela visão de uma pessoa chorando. Podemos até ficar mais motivados a ajudar se virmos lágrimas do que sorrisos. Em outras palavras, as lágrimas são uma solicitação de comportamentos altruístas – isto é, fazer uma boa ação para outra pessoa, sem cobrar por isso.
Outra possibilidade é que chorar é um sinal honesto de confiabilidade. Pode-se citar duas evidências dessa afirmação. Primeiro, chorar é um comportamento amplamente fora do controle consciente. Podemos facilmente fingir um sorriso ou uma careta, mas não podemos simplesmente derramar uma lágrima. Segundo, chorar embaça a visão, colocando a pessoa que derrama lágrimas em desvantagem.
Os seres humanos cooperam entre si muito mais do que outras espécies animais. Mas, para facilitar essa cooperação, precisamos fornecer aos outros sinais honestos de nossa confiabilidade. E as lágrimas trazem todas as características de um sinal honesto, na medida em que são difíceis de falsificar .
Então, talvez choremos para sinalizar que nossas expressões emocionais – sejam de tristeza ou alegria – são sinceras. Em um artigo publicado recentemente na revista Evolutionary Psychology , o psicólogo da Universidade de Nova York Lawrence Reed e seus colegas descreveram dois experimentos que colocaram essas duas hipóteses umas contra as outras. Eles fizeram isso criando cenários de laboratório nos quais o altruísmo e a confiabilidade podiam ser separados.
No primeiro experimento, os pesquisadores tiveram participantes envolvidos no que é conhecido como “Jogo da Confiança”. Para começar, os participantes receberam uma quantia em dinheiro, 10 centavos neste caso. Eles foram informados de que poderiam ficar com o dinheiro, mas se o entregassem a outra pessoa, chamada de “administrador”, esse valor seria triplicado para 30 centavos.
O administrador poderia então guardar todo o dinheiro para si, ou dividir o mesmo com o participante. Em outras palavras, se o administrador for honesto, você poderá aumentar seu dinheiro pela metade (15 centavos), mas se for desonesto, perderá tudo. Essa tarefa é comumente usada para examinar os fatores pessoais e situacionais que influenciam a disposição das pessoas em confiar em outra pessoa.
Antes de tomar sua decisão, os participantes puderam ver um breve vídeo do administrador, que sempre foi retratado pela mesma atriz. No entanto, cada participante a viu em apenas uma das quatro condições: expressão neutra sem lágrimas, expressão neutra com lágrimas, expressão triste sem lágrimas e expressão triste com lágrimas.
Se as lágrimas indicarem uma necessidade de ajuda, é mais provável que os participantes entreguem seu dinheiro a um administrador que está chorando, independentemente de sua expressão emocional ser neutra ou triste. Por outro lado, se as lágrimas forem um sinal honesto de confiabilidade, os participantes deverão dar mais dinheiro ao administrador quando ela chorar, independentemente de sua expressão.
Os resultados do primeiro experimento foram ambíguos. Quando os participantes viram o administrador chorar, estavam dispostos a confiar nela o dinheiro em 85% das vezes, se ela tinha uma expressão neutra ou triste. No entanto, os participantes também confiaram o dinheiro quase 80% das vezes, mesmo quando ela tinha uma expressão triste sem chorar. Em outras palavras, a confiança era baixa quando o administrador tinha uma expressão neutra, sem lágrimas.
Assim, no primeiro experimento, os participantes entregaram o dinheiro porque sentiam pena do administrador, porque ela estava chorando ou porque parecia triste. No entanto, a hipótese de que as lágrimas são um sinal honesto de confiabilidade não pode ser descartada, pois, afinal, era mais provável que os participantes dessem dinheiro ao administrador quando ela chorasse.
Para resolver esse problema, os pesquisadores realizaram um segundo experimento. Dessa vez, eles empregaram o que é conhecido como “Jogo do Ditador”. Neste exercício, os participantes podem optar por guardar o dinheiro para si ou entregá-lo ao administrador, que ficará com o dinheiro para si. Se as lágrimas sinalizarem uma necessidade de ajuda que provoque uma resposta altruísta de outras pessoas, o participante deverá render mais seus ganhos quando virem o administrador chorar.
Neste segundo experimento, os pesquisadores descobriram que os participantes tinham maior probabilidade de desistir de seus ganhos quando o administrador mostrava uma expressão neutra e sem lágrimas. Por outro lado, ver lágrimas ou uma expressão triste tornou os participantes menos propensos a se envolver em um ato altruísta. Assim, esses dados sugerem que o objetivo das lágrimas não é obter ajuda de outras pessoas.
Comparando os resultados desses dois experimentos, Reed e colegas descobriram que as lágrimas provocavam comportamentos de confiança dos participantes, mas não os ajudavam. Portanto, os pesquisadores concluíram que a segunda hipótese, a saber, que as lágrimas são um sinal honesto de confiabilidade, foi apoiada pelos dados. Além disso, encontraram pouco apoio à primeira hipótese de que as lágrimas provocam atos altruístas.
Como apontam os pesquisadores, quase não há pesquisas sobre as causas e consequências do choro. Portanto, esse conjunto específico de experimentos precisa ser interpretado como uma incursão inicial no campo e não como um estudo definitivo do fenômeno. Somente os humanos choram, mas agora os pesquisadores estão começando a desvendar esse mistério evolutivo.
(Fonte: psychologytoday.com)
(Autor: David Ludden)
*Texto traduzido e adaptado com exclusividade para o site Fãs da Psicanálise. É proibida a divulgação deste material em páginas comerciais, seja em forma de texto, vídeo ou imagem, mesmo com os devidos créditos.
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