O ser humano deve usar o abençoado livre arbítrio que tem para escolher seu caminho e seu olhar para a realidade.
A gosto de quem? Há tantos gostos e tantos desgostos. Não é possível agradar a todos o tempo todo, disse Lincoln.
Também não é possível desagradar a todos o tempo todo, digo eu.
O homem mau também pode, quiçá por descuido, fazer o bem.
A pessoa boa pode, sem querer, fazer o mal.
O que acontece em um país, acontece em outro. Somos tão semelhantes e estamos tão interconectados que as mesmas notícias são noticiadas internacionalmente.
Semelhantes de uma era, uma época.
Está mudando? A gosto de quem?
Quem gosta de luta, de guerra, de briga?
No budismo são os Asuras.
Asuras invejam muito o sucesso e o bem-estar de outros seres.
Invejar de ficar triste e com raiva do seu sucesso.
Diferente de cobiçar, de querer ter o que outra pessoa tem.
Assim, Asuras estão sempre em pé de guerra.
Brigando, reclamando, gritando, chorando e provocando atritos. Vivem de atritos.
O mundo dos Asuras é um dos Seis Mundos.
Há o mundo dos animais — nossa parte instintiva, bichinho: comida, bebida, sono, sexo.
Há o mundo dos seres celestiais — está tudo bem, nada falta, tranquilos: sem fome, sem sede, sem sono, todas as necessidades satisfeitas, apenas não se questionam, não filosofam, não acessam a sabedoria perfeita.
No mundo dos espíritos famintos há sofrimento: nada os consegue saciar. Alimentos se tornam fétidos, água se torna impura, o ar fica poluído. Sem poder comer, beber e respirar, desejam e desejam mais. Quando conseguem algo, isso nunca os satisfaz. Como drogados, viciados, sem conseguir satisfação.
Há o mundo dos infernos, dos diabos, das dualidades, dos sofrimentos. Infernos frios, gelados e infernos quentes, desesperadores.
Só sofrimento e dor.
E o mundo humano, com nossos momentos agradáveis e desagradáveis, é o único dos seis mundos nos quais os seres podem se libertar.
A bênção de ter nascido uma pessoa humana é a de poder pensar, refletir, meditar, compreender e quiçá, se praticar, poder se iluminar.
Sair das fanfarras mal tocadas das praças públicas e entrar nas bandas celestiais de harmonia pura.
Talvez não possamos mudar o mundo e a humanidade. Podemos mudar a nós?
Um pouquinho talvez, os 5% de livre arbítrio que nos cabe. Podemos rever e escolher nossa resposta e nosso olhar para a realidade.
A gosto de quem?
Quem gosta do quê?
Quem desgosta de mim?
Sorrio e caminho.
Sem rumo e sem pressa.
Urgência e presença.
Que nosso olhar seja de paz.
Que nosso falar seja doce.
Que nossos gestos sejam macios.
Que sejamos capazes de perceber os seis mundos pelos quais giramos e giramos, para dar o salto quântico e cantar com os aracãs, em harmonia e ternura, a música do universo. (Aracãs são seres iluminados, discípulos de Buda, que despertaram para a Sabedoria Perfeita.)
(Autora: Monja Coen)
(Fonte: monjacoen.com.br)
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