Sou esquizofrênica.

Trago em mim marcas que sinalizam duplos sentidos: vejo o que quero e não quero ver; sinto o que não posso controlar. Tenho um olfato aguçadíssimo e sentimentos à flor da pele. Nessa onda de percepções, procuro dar outro sentido para o mundo e para as pessoas que me cercam.

Quase sempre não sou bem interpretada, talvez pelo fato de as pessoas não terem conhecimento ou não saberem sobre a minha “diferença”. Acredito sempre que elas têm pensamentos prepotentes o que me fazem sentir inferior. Me excluem das relações sociais.

Acredito em Deus, tenho fé na matéria, mas acredito na imortalidade da alma em crenças diversas. Procuro o ecumenismo às vezes para me sentir melhor, para escrever… tenho procurado inspiração.

Não sou orgulhosa, mas tenho orgulho próprio, que são duas coisas distintas, pois ser diferente é ser bacana, é procurar harmonia, é ser invejada… mas, sou pisada pela inferioridade da raça humana.

Não me importo com os rótulos, nem com discriminação.

Tenho autoestima, embora já tenham tentado me destruir em todos os campos da minha vida.

Confesso ser agressiva, mas o meu temperamento é de calma, paz e amor.

Penso na guerra.

*relato real

(Autora: Alessandra Machado Perna, acadêmica de jornalismo de CEULP/ULBRA. Usuária do CAPS de Palmas – TO)

(Foto: Foto: Duane Michals)

(Fonte: http://ulbra-to.br/encena)

 

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A busca da homeostase através da psicanálise e suas respostas através do amor ao próximo.

1 COMENTÁRIO

  1. Não sei se o texto reflete uma personalidade esquizofrênica, mas me identifiquei com ele. Não tenho certeza se sou esquizofrênica, mas tomo um medicamento muito caro que é pra esquizofrenia. Me assusta muito ter tal diagnóstico, por isso nunca tive coragem de falar sobre isso com o psiquiatra, mesmo estando em tratamento há mais de 2 anos. Enfim, apesar de um diagnóstico muito parecido com o da esquizofrenia, me considero mais saudável mentalmente do que muita gente nesta sociedade doente em que vivemos. Posso ter uns traços estranhos, mas não tenho atitudes que prejudiquem o próximo, como vemos em muitas pessoas consideradas “normais”. Hoje em dia acho muito complicado um diagnóstico preciso, uma vez que muitas doenças tem sintomas em comum, além do que, como a própria Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma: mais de 60% da população mundial sofre de algum tipo de transtorno mental. Diante disso, vou levando a vida, me tratando a medida do possível e acreditando que não sou melhor nem pior do que ninguém, apenas sou diferente da maioria e que isso não me torna uma ameaça a sociedade, como fizeram-me sentir ao me aposentarem pela perícia médica.

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