Família

A diferença entre priorizar e mimar um filho

Fiquei emocionada ao ver um vídeo divulgado pelo YouTube: Caminhando com Tim Tim. Peguei a recomendação num ótimo artigo da psicóloga Rosely Sayão. Sempre adorei crianças, mas confesso que nos últimos tempos , elas estão me assustando. Extremamente voluntariosas, muitas mandam na casa, definindo a rotina dos pais e isolando os mesmos socialmente.

Como sempre , preciso admitir que a culpa é dos adultos. Sim, crianças nascem como livros em branco, prontas para serem preenchidas com amor , carinho, empatia e criatividade ou com birras , manhas , preconceitos e antisociabilidade. Ok.Ok.Ok. Cada um tem o seu temperamento e muitos irmãos apresentam jeitos de ser bem diferentes, mesmo sendo criados da mesma forma.

Mas, ainda acredito muito no poder de uma boa educação. De uma educação amorosa e vigorosa ao mesmo tempo. Com limites e afeto. Com boas conversas no lugar de chineladas. Acredito numa educação que coloca a criança em primeiro lugar, mas nunca como senhora da casa.

Sei que falar é fácil. Difícil é educar , é enfrentar o dia a dia depois de uma jornada de trabalho de mais de 8 horas. Eu sei que é difícil argumentar calmamente depois de ter passado horas em engarrafamentos, depois de milhares de sapos engolidos no trabalho.

Porém, quem sabe educar prepara um ser humano para a vida. Quem educa, prepara uma pessoa que será querida , que terá facilidade em fazer amizades porque sabe respeitar o espaço alheio, sabe compartilhar, querer bem, se solidarizar , fazer parte da vida dos outros.

Quem por cansaço ou inabilidade compra o silêncio dos filhos com presentes caros e mimos, fazendo todas as vontades dos pequenos, até mesmo aquelas que podem magoar outras pessoas, preparará uma pessoa antissocial, egoísta, capaz de enxergar apenas as próprias necessidades e desejos, com jeito de forte, mas muito fraca por dentro.

Sim, os verdadeiros fracos não são as pessoas mais sensíveis, que choram mais, que se importam mais, que sofrem mais. Os mais fracos são aqueles que vivem isolados no próprio egoísmo, incapazes de se envolverem verdadeiramente e se importarem com as outras pessoas.

Infelizmente , cada vez mais , estamos nos tornando mais fechados e egocêntricos. Infelizmente , cada vez mais , estamos considerando menos as outras pessoas com seus sentimentos. Sim, está faltando empatia no mundo. Obviamente , as crianças atualmente estão mais irritantes. Estão aprendendo conosco.

A incapacidade de lidar com as dificuldades inerentes à qualquer relacionamento, estamos ensinando aos menores. Estamos ensinando a rotular e a excluir as pessoas. Crianças nascem sem preconceitos. Estamos ensinando que cada um deve ficar no seu quadrado, com seu smartphone , mais interessado em papear com alguém do outro lado do planeta do que com alguém da família, que mora na mesma casa.

Estamos ensinando que é feio se importar. Obviamente , não creio que a gente deva supervalorizar tudo, jogando uma lente de aumento nos problemas. Superar o passado e deixar para trás quem nos faz mal também é sinal de maturidade, de inteligência emocional.

O meu famoso ligar o fodômetro… O problema é quando uma pessoa não consegue se envolver com nada nem com ninguém. O problema é quando a pessoa mergulha num estado de egocentrismo tão profundo que a impede de ver que existe um mundo ao redor.

Recomendo a todos o vídeo Caminhando com Tim Tim. Uma jovem mãe dá uma aula de poesia e afeto de como educar um filho empático num mundo cheio de redes sociais, mas cada vez mais antissocial.

(Imagem: Camille Minouflet)

Sílvia Marques

Profa. doutora , idealizadora da Pós em Cinema do Complexo FMU, escritora e psicanalista. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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Sílvia Marques

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