Estou com um problema de saúde. Os médicos dizem que é algo relativamente sério. E eu me vi diante de duas opções: ou me desespero ou me apaziguo. São os dois extremos. Até então, eu vinha vivendo no meio dessas duas emoções: nem desesperada, nem calma. Só “tocando” a vida, esperando algo (que nem certo o que é) acontecer.

Ora mais pra cá, ora mais pra lá. Às vezes cansada, às vezes desanimada, às vezes de saco cheio, às vezes curtindo, às vezes entusiasmada, sempre esperançosa.

Então vem a vida e me traz de volta essa questão de saúde que achei que já tinha superado. Ledo engano meu, achar que basta trabalhar as “questões da alma” relativa a um problema uma vez e pronto. Deu, melhorei, posso largar de mão. Aham, bem assim. E voltar àquele ciclo morno de vida, tocando, esperando, não sendo vigilante o suficiente com as minhas emoções e a minha ESSÊNCIA.

A minha alma estava gritando, e eu não a estava ouvindo. Daí o universo – sábio que é – resolveu me “dar uma real” de forma mais efetiva. Funcionou. Sacudiu, vamos lá.
Vou enfrentar tudo o que for necessário a nível físico. Exames, cirurgias, eventuais tratamentos, medicamentos, etc. Mas também vou tomar as providências que a minha alma clama, em outros tantos níveis.

Estou totalmente aberta a todos os aprendizados necessários. Mente e coração receptivos. Corpo também, afinal, ele precisa se curar.

Acho, com toda a sinceridade do mundo, que essa enfermidade veio para me trazer LEVEZA. Tipo: “calma, menina, SINTA a vida, APROVEITE, seja DOCE consigo mesma. Veja como há problemas de verdade. Veja como tudo não está sob o nosso controle (precisamos entregar e confiar!). Veja como É BOM VIVER. Veja como, mesmo que tudo não esteja ainda do jeito que gostaria, você é extremamente ABENÇOADA. Não reclame de nada. Não desanime. Não se amargure. Não se angustie. ESTÁ TUDO CERTO. Sempre.”

Então vamos lá. Sem forçação alguma, o meu coração está cheio de GRATIDÃO pelo que está acontecendo. Sei que vai ficar tudo bem. E, por incrível que pareça, tenho a sensação de estar aprendendo através do AMOR, e não da dor. Sim, porque o amor que estou sentido nesse momento, é indescritível. Amor por estar viva. Amor por ter tantas pessoas maravilhosas ao meu redor. Amor por ser tão abençoada, nas coisas mais simples (e que, por isso, muitas vezes passam despercebidas). Amor por ter a oportunidade de dar um passo adiante na minha jornada, me movimentar. Amor por conseguir, finalmente, abrir mão da necessidade de controlar as coisas, e de que tudo seja sempre perfeito. Amor por sentir cada vez mais forte a presença da luz divina. Amor por VIVER, enfim.

Do fundo do meu coração, sei que cada um tem um processo na vida, mas eu gostaria que as pessoas pudessem sentir tudo isso que eu estou sentindo sem precisar passar por uma doença ou algo assim. Que bom seria se tomássemos consciência da maravilhosa dádiva que é viver, independentemente de qualquer coisa. Que deixássemos de lado conflitos (internos e externos), medos, ansiedades e, simplesmente, nos abríssemos para a VIDA.

Podemos, sim, largar todos os pesos que carregamos e simplesmente nos permitirmos ser felizes. Aqui e agora, do jeito que tudo está, sem condicionantes.

Vem comigo?!

Imagem: Samantha Garrote

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Servidora pública de profissão, escritora de coração. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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