Há um bom tempo venho querendo que saiba de algumas coisas. Não pretendo aqui, depositar uma responsabilidade tardia, ou, mendigar algo que me impeça de seguir em frente. Eu sei que você fica com medo, mas deixa o amor entrar.
Você falou sobre feridas passadas, erros cometidos e toda a ausência residente no adeus. Não imagino ter sido simples desistir dos próprios passos para se jogar no querer de alguém. Sonhos postos de lado, a vontade de desbravar oceanos que esmoreceu entre beijos e, acima de tudo, a dormência dos possíveis conhecimentos.
Tantos planos interrompidos por um estar de dois. Pensava que valeria a pena na época, entendo. Afinal, nem todos tiveram a oportunidade de gozar um amor em quatro pernas.
Certo dia, tudo desmoronou. Aprendi a lição – pensou baixinho, como numa espécie de mantra. E o tem repetido, desde então. Você não está errada, moça. Pra ser sincero, acredito ter feito o mesmo um par de vezes. Cansa, né? Abrir a porta, permiti-lo entrar, escolher os cômodos, permanecer durante tantas noites e, numa manhã qualquer, reconhecer que esse dito amor, na verdade era impedimento.
Agora, tudo o que você quer é desfrutar da liberdade. Dar asas para a própria companhia, transbordar no tempo que lhe couber, e partir, logo em seguida, rumo ao próximo destino. Porque o mundo é grande demais para o amor ser vestimenta de tamanho único. Você quer, mas na sua medida e nas suas regras. Você não está errada, moça. Mas posso confessar algo?
Acredite quando digo que essas palavras não foram planejadas. E mesmo externando sobre sentimentos, não almejava desvencilhar essa parte do meu coração, correndo o risco de silêncios, contrariedades e reações entristecedoras. Apenas registro o que não consigo disfarçar. De longe ou perto, não sei como aconteceu, tampouco como ficará. Mas abro espaços e abraços.
De repente, pouco sei do amor. Alguns dias, considero-me um principiante nesse navegar impreciso. Seja em suas formas, comportamentos e escolhas, enxergo certo brilho e até contraste. No que diz respeito aos sonhos meus e seus, por que não? Caminhos não necessitam seguir em linha reta para exalarem felicidade.
Façamos as nossas próprias regras. A nossa comunhão de sinceridade, carinho e cumplicidade. E se não alcançarmos o mesmo cruzamento, tudo bem. Eu sei que você tem medo, mas deixa o amor entrar. Chame-o de prepotente, mas nunca covarde. O amor que soma não mensura quereres.
(Imagem: Theo Barros)