Nos dias de hoje é muito comum vermos as pessoas zombarem da dor alheia na forma de descaso, ironia ou como “arma de contra-ataque”. A velha frase “tudo o que disser, será usado contra você mesmo” nunca foi tão verdadeira. Mas qual é o motivo desse comportamento tão perverso?

Em muitas circunstâncias, a fragilidade de alguém serve como detonador de uma cultura de desrespeito e falta de empatia. É muito fácil validar isso, basta uma breve leitura nas redes sociais, uma notícia e a enxurrada de comentários surge, muitos deles recheados de preconceito e intolerância.

Um exemplo recente foi o caso do ator Fábio Assunção, tendo sua luta contra a dependência química sendo hostilizada, debochada. Somente quem passa por esse tipo de situação sabe o quanto essa enfermidade destrói o dependente e a todos que estão em sua volta, não tem a menor graça.

E em tantos outros fatos em que existem vítimas, por vezes inocentes, elas são apedrejadas ou então exaltadas por causa da sua desgraça!

Que fenômeno é esse que a sociedade brasileira vivencia? Pode-se dizer que em outros lugares do mundo também é assim, talvez seja, mas definitivamente nem todos. Independente da forma que a violência se manifesta, os seus frutos são perigosos! Somos seres cientes e o que faz de nós humanos é a capacidade de termos consciência do nosso “Eu”.

Por mais autossuficientes que sejamos é impossível nunca precisar ou negar a existência do “Outro”. O homem é social, porque, do contrário, nossa espécie estaria extinta. Por que, então, aparentemente estamos imersos nessa falta de irmandade? É injustificável comemorar a tragédia do nosso semelhante, ainda mais por motivos tão fúteis!

Ao ver alguém morrendo, opta-se em tirar selfies em vez de ajudar quem necessita. Será isso um surto de narcisismo coletivo ou uma histeria mesmo? Obviamente, não são todos, mas a quantidade de casos que aparecem dia a dia é assustadora! Postar notícias falsas, incentivar o ódio, se exibir para ter mais likes e assim obter o gozo das vontades devassas não satisfeitas no nosso cotidiano.

São em pequenos detalhes que se é possível ver o todo. Rir do infortúnio de outrem ameniza o nosso inferno particular ou serve de consolo pelas próprias misérias de quem o faz? Certamente que não!

Sem perceber estamos indo para as garras da barbárie que em algum momento vai nos asfixiar. Mas, ao invés de gargalhadas ou “KKKKKs” em redes sociais, por que não se colocar no lugar de quem sofre?

Gentileza não dói, pelo contrário, se usada repetidamente faz um bem danado! Hoje é seu semelhante que se aflige, amanhã poderá ser você. Ter ética nunca deve depender em que lado você está ou valer somente para grupos em que está ligado. Ética é para todos!

(Imagem: Pedro Sandrini)

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Arteterapeuta, Bacharel em Filosofia(acd), professora de teatro e dança e acima de tudo curiosa em conhecer o mundo.

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