Quando as trocas de afeto gestuais ou palavras diminuem, assim como as risadas, trocas de segredos tornam-se raras ou inexistentes. O interesse sexual dá lugar as brigas, e as implicâncias tornam-se constantes. É hora de parar e fazer uma DR (discutir a relação) com seu companheiro(a).

Os sintomas começam nas sutilezas e vão se agigantando e se não for repensado a tempo é asfixiado. Que sintomas de uma relação em crise são facilmente identificáveis, isso não é nenhuma novidade. Mas, o desconforto começa na identificação destes sinais, é só uma fase ruim: será o fim de uma história de amor?

O primeiro indício de distanciamento do casal é a falta de comunicação. Já observou algum casal que não trocava nenhuma palavra durante todo o jantar? Na ausência de paciência ou na implicância quase que gratuita de uma das partes? Ou em uma viagem sem troca de impressões, nem sequer aqueles papos vagos sobre o tempo?

Quando as conversas, até as mais banais são omitidas. Ou o casal é absolutamente empático em todos os sentidos, ou algo entre eles não vai bem. Há casais que até um simples comentário os leva a discussões intermináveis.

O grande problema pode ser a dificuldade, em ambos cederem proporcionalmente para o resultado satisfatório. Nestes casos, há sinais visíveis, quase que palpáveis do distanciamento emocional. Um paradoxo, quanto mais se evita falar sobre os desacertos mais se tornam profundos.

Mais difíceis podem se tornar as resoluções. Quanto mais frustrações se acumularem por ausência de diálogo, mais complexa será a forma para resolve-los, pois, a tolerância diminui, a paciência em relação aos problemas e com o companheiro (a) pode ficar menor, em razão da falta de treino na escuta em relação ao outro, falta de saber como o outro se sente, em última análise na falta de empatia.

Assim, há um cenário que se desenha, e atitudes “explosivas” de um ou dos dois parceiros e/ou dos dois poderão surgir e consequentemente mais brigas e eventuais agressões.

Em outra hipótese um dos parceiros para evitar confrontos permite que o outro se imponha na tomada de decisões e se torna quase que inaudível em suas necessidades. Minguando literalmente na relação, refletindo diretamente em seu estado de saúde física também.

Ainda que releve muitas situações para poupar o relacionamento, dá ao outro o monopólio. E essa via de mão única acaba por adoecer e/ou provocar ressentimentos, raiva, e outros sentimentos negativos naquele que definha lentamente sob o controle do dominador, se anulando.

Mas afinal, por que os casais entram em conflito?

Os desentendimentos podem nascer com a falta de sinceridade e empenho na relação, que seja por interesse distinto do parceiro(a) de atividades escondidas ou a diminuição do capital do casal.
A crise financeira no orçamento do casal pode a ser um “start” para desentendimentos e frustrações.

Assim como ausência de comprometimento em parceria para a assunção das demandas quer financeiras quer exigências nas atividades domésticas e cuidados com os filhos. Há casais que brigam por tudo, desde a compra dos mantimentos no mercado a buscar os filhos na escola, participar de reuniões de pais etc…

As dificuldades financeiras, para alguns casais é tão grave que acaba afetando a qualidade do afeto e da sexualidade. Já não cabe a paciência para momentos de carinho e pequenas gentilezas.

O comum é buscar desculpas, para justificar essa mudança de comportamento às preocupações com as contas, o cansaço do trabalho. Acordar cedo no outro dia. Fato é que há algo malparado e uma hora esse incomodo baterá a porta e fatalmente o inesperado terá que ser atendido.
Todavia, quando há um sincero desejo em preservar a relação.

Há que buscar sair da zona de conforto o quanto antes. Se as questões ensejadoras de mal-estar forem bem trabalhadas desde os sinais da crise, o desgaste poderá diminuir os seus estragos. Interceptando a tempo, manifestações de impaciências e agressividades, cobranças, xingamentos e, consequentemente, a falta de afeto e de desejo.

A falta do dinheiro ao qual o casal estava acostumado ao invés de apenas desencadear as reações negativas sobre o relacionamento em si. Pode ser um momento de união para juntos adequarem os orçamentos e trabalharem de comum acordo para uma resolução onde ambos se comprometam com o objetivo.

Há possibilidade de que o problema financeiro seja apenas a ponta do iceberg. Quando o dinheiro representa mais do que o relacionamento para uma das partes, ou até mesmo para as duas, dificilmente esse casal assumirá um equilíbrio na partilha das responsabilidades, seguirá com dificuldades para conciliar interesses. A distância emocional é o maior indicativo de que a relação chegou ao fim, não há cumplicidade só individualidades.

As expectativas e planejamentos não se afinam. Assim, crise nas finanças é o indicativo de que a parceria ou ausência dela degringolou. Não há interesse na resolução, tampouco se adequar as mudanças necessárias para que o incômodo traduzido em crise financeira.

Gustavo Cerbasi no livro “Os Segredos dos Casais Inteligentes”, indica as crises conjugais tendo causa à falta de dinheiro. Segundo o autor este seria o segundo ingrediente mais ensejador dos divórcios no nosso país além das traições conjugais. Fato é que existem muitos motivos que culminam em crises conjugais.

Na atualidade, a grande demanda por realização pessoal, têm posto à prova a dinâmica do casal. A começar pelas prioridades de cada um, mudanças nos valores, o estresse, falta de comunicação, pouco companheirismo, não compartilhamento dos problemas, e pouca afetividade na relação tem se mostrado até mais causadora de crises que a falta em si de dinheiro.

Ainda que não existam fórmulas prontas. É muito importante que ambos exercitem a capacidade de ceder em alguns aspectos, com o objetivo de uma melhor convivência. A rotina emperra o relacionamento do casal, deixando-o chato, previsível, monótono. Para fugir do marasmo pode ser importante revitalizar com atitudes inovadoras , surpreender o outro e reacender o prazer da companhia.

As vezes coisas muito simples podem ajudar, como por exemplo um jantar na varanda, olhar o álbum de fotos do casamento juntos, buscar razões para seguirem juntos. Basta que se use criatividade e boa vontade quando se tem o desejo de permanecer.

Cuidar um do outro é uma atitude de intimidade, que aproxima, alivia tensões, podendo diluir mágoas e ressentimentos. Duas pessoas dispostas a fazer a relação funcionar é fundamental, as vezes é necessário o auxílio de um psicoterapeuta para ajudar a buscar soluções para uma melhor convivência.

Feliz ou infelizmente, casamento e crise podem se encontrar em alguns momentos de sua história. Relacionamento envolve dinâmica, e as pessoas mudam constantemente. As crises decorrem desses inúmeros momentos de mudanças pessoais e as que surgem com a vida.

Casais resilientes encaram momentos difíceis identificando metas, tomando o controle de suas ações e identificando diferentes caminhos para a realização de seus objetivos. A capacidade de compreender as experiências da outra pessoa certamente pode ser a melhor fórmula em um relacionamento. Pessoas empáticas mostram-se mais empenhadas em sublimar as dificuldades e um interesse genuíno no bem-estar do parceiro.

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Advogada, psicóloga clínica e escolar.

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