Um dos grandes desafios de aceitar o crescimento e a transformação é lidar com as pessoas em sua vida que não compreendem suas escolhas. Como conviver com quem não gosta de sua nova forma de ver o mundo e de suas novas escolhas?
Esta pergunta é comum. Eu a recebo muito. E eu mesmo tive que enfrentar este desafio.
Vamos vivendo nossa vida e, naturalmente, criando todo tipo de vínculo emocional. Vamos criando nosso círculo social e até casamento. Mas, a vida serve para aprendermos.
Estamos aqui para crescer e evoluir. E nesses chamados da vida, pela graça divina, temos nosso despertar. Começamos a mudar e começar a crescer. Fazemos novas escolhas, adquirimos novos hábitos.
As mudanças acontecem e quem está conosco quase nunca está pronto para elas. Dá problema conviver com alguém que muda de visão. Veja do ponto de vista deles. Eles entraram num relacionamento com um tipo de pessoa, e agora você está sendo outro tipo. Casaram com um carnívoro, que agora é vegano.
Entraram em sociedade de negócios com um materialista, disposto a qualquer falcatrua para ganhar dinheiro, e agora tem de sócio uma pessoa que valoriza o respeito e fazer o correto. Tinha de amigo uma pessoa que gostava de encher a cara e falar besteira e agora tem uma pessoa sóbria que quer vibrar e ouvir palavras mais edificantes.
Você sabe que é melhor. Você cresceu. Eles não. A diferença é palpável.
Pelo menos, você está experimentando o estado superior de consciência. Você fez a escolha e tomou o passo. Eles ficam sem este “gosto superior” e ainda tem que lidar com o fato que “ficaram para trás”, já que foi você que mudou.
Como está vendo, quero que veja a coisa do ponto de vista deles. Eu sei que você está sofrendo com os desafios, as chacotas e os questionamentos que eles lhe lançam. Mas já que foi você que aceitou o desafio do caminho do dharma e da espiritualidade, a posição correta é que você deve aceitar o desafio da situação como parte de sua missão.
Isso significa que você vai cumprir seu dharma, melhor do que antes até. Você vai ser o melhor amigo, o melhor filho, o melhor sócio e o melhor empregado que pode ser.
Você vai ignorar as manifestações de desgosto com suas escolhas, ou até mesmo a raiva que vai surgir do sentimento de você ter mudado. Você vai praticar tolerância e compaixão, entendendo que é um desafio, imposto por você, que eles estão enfrentando.
Mas, como sempre falo, tudo tem seus limites. Tem um limite entre ser tolerante e ser um saco de pancada. Tem reciprocidade. Você está sendo amoroso e a pessoa não está? Você está se esforçando para ajudar a pessoa neste momento de transição e ela não está? Você precisa avaliar isso e traçar limites.
Não se assuste se chegar ao ponto onde entende-se, mutualmente, que é melhor cada um seguir seu caminho. Acontece. Se as diferenças forem muito grandes, e até melhor para todos.
Uma coisa é fundamental: seja firme! Não abra mão de seu valioso crescimento. Não deixe a preguiça e má vontade dos outros atrasar seu processo de mudança e crescimento.
Acima de tudo, se ame e por amor próprio siga firme em seu caminho de transformação e mudança de hábitos. Você merece. Se aqueles ao seu redor querem ficar na inércia, presos no sentimento de vítima e destinando-se a repetir os mesmos erros, vida após vida, isso é problema deles.
Você já está dando-lhes um presente incalculável no sentido de dar o exemplo e mostrar o caminho. Você está fazendo sua parte.
Portanto, valorize seu crescimento e tenha paciência com aqueles a seu redor. Mas uma paciência sábia, com limites, para seu bem e o bem de todos. Minha experiência é que depois de dez anos todos já terão se acostumados com os rumos que tomou.
Muitos então vão valorizar suas escolhas e, se teve sucesso no processo, reconhecer seu estado superior de bem-estar e sabedoria.