Menininhas do antigamente escreviam em seus diários para contar, em segredo, seus amores juvenis. E eu, na plenitude dos meus 40 anos, estou fazendo uso da mesma técnica. Todos os dias eu venho aqui, nesse espaço em branco, aberto a um mundo de leitores, para escrever coisas de amor. Mentira! É para desabafar mesmo… Um desabafo que nada tem a ver com aventuras da juventude. É uma espécie de necessidade vir aqui escrever.

Após um período de reflexão sobre a vida, olhando para dentro em busca de auto conhecimento, descobri que essa tal necessidade é um processo pelo qual todos passamos. Um período (tenso) que ronda a idade dos 40. A famosa crise!

Sabe-se que a juventude é marcada pelos sonhos e devaneios mais loucos. É nela que a vida se mostra algo assim: você pode ser e fazer o que sonhar, pois tudo é possível. E você vai acreditando nisso despreocupadamente. Vai levando a vida, afinal você tem tempo pois é jovem! Até que num belo dia… Vupt: você chega aos “quarentinha”. Você olha para trás e se dá conta de que muitos dos seus projetos de vida não saíram do papel. Estão lá, no passado, pendurados e sem execução.

Bate o desespero: você planejou sua vida como sendo uma reta, porém ganhou de presente uma solenoide (ou uma espiral, se preferir). Você começa a pensar! E a pensar… Pensar sem parar. Acha que ainda não se encontrou profissionalmente e está diante da última oportunidade de dar uma guinada na sua vida. Ou, então, que você está muito… passado (para não dizer velho) para fazer aquele curso desejado no exterior, acalentado desde a faculdade.

Você também pode pensar: não me casei, não tive filhos, não comprei uma Ferrari, não visitei o Azerbaijão… E agora? Agora o tempo passou, meu amigo! Fim da linha: o sonho acabou. Você reluta, mas acaba por aceitar que aquilo que não aconteceu até os 40 não vai mais acontecer. Parece que seus sonhos morreram junto com a juventude… E é nesse instante que você, que já é macaco velho no calendário da vida, deixa de ser aquela menininha sonhadora do diário (ou o super cavaleiro do apocalipse que tudo pode) e cai na real. Fica na maior deprê!

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Você pensa nos seus planos incompletos de vida… E questiona o sentido da sua existência: mas afinal de contas, para que raios vim para a Terra??? Espere, pare, respire fundo. Vá com calma! Você fez coisas, certamente, muito louváveis. Muitos de seus sonhos e objetivos foram atingidos. Aliás, a maioria deles você concretizou! Mas olha que engraçado: aqueles poucos não realizados são lembrados por você a todo instante. E ferem feito facas! Já os conquistados… Ah… Esses não são sequer lembrados ou mesmo valorizados! E isso é um grande erro.

Pessoal, eu passei por tudo isso e embora já tenha completado 40 anos, confesso que ainda estou meio zonza… Na verdade, esse processo nada mais é do que um período de ajustes para vivermos a segunda metade da vida. É preciso estar preparado, pois é nesse ponto da caminhada que nosso game muda de fase. Só que para isso, precisamos enfrentar o chefão. E que chefão! Quer saber o nome dele? Ele se chama VOCÊ. Ficou bege? Pois é… Eu também! Mas pense por outro lado: uma vez ciente de que você é seu maior rival, fica mais fácil ir adiante e encarar a nova etapa. Então, deixe aqueles sonhos não realizados numa espécie de ícone em sua mente. Não é preciso mandá-los para a lixeira! Basta deixá-los ali, guardados.

Ora, pessoal… A vida é surpreendente! De repente as coisas se concretizam de uma maneira jamais imaginada por nós. Abra sua mente e viva sem pensar nas frustrações. Evite os sofrimentos que só existem dentro da sua cabeça! Esqueça o que os outros pensam. Escute seu coração e seja feliz com aquilo que você já tem. E siga de olhos abertos em busca daquilo que ainda não aconteceu mas que pode surgir a qualquer instante. Vai que a solenoide dá um giro completo e te deixa de frente com aquele antigo projeto, hein? Esquenta não… A vida dá voltas! Deixa ela te surpreender!

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