Se há algo que você pode dar como garantido na vida, é que em algum momento você se decepcionará. No entanto, uma vez que é extremamente difícil não criar expectativas, a decepção virá à sua porta, mais cedo ou mais tarde.

Decepção é uma forma de tristeza, que muitas vezes é sentida como uma sensação de perda. É uma lacuna dolorosa entre nossas expectativas e a realidade. Há tantas decepções quanto esperanças e expectativas. Mas as decepções que mais doem, na maioria das vezes, provêm de pessoas próximas e significativas.

Como usar a decepção para abrir os olhos?

Nós geralmente vemos a decepção de uma perspectiva negativa, o que é compreensível, já que, quando nos sentimos decepcionados, vemos a vida através de um prisma cinza. No entanto, a decepção também pode se tornar um professor de vida. Embora possa ser desagradável, a decepção nos dá informações valiosas sobre as crenças que alimentamos sobre nós mesmos, sobre outras pessoas e sobre o que nos faria verdadeiramente felizes. A decepção pode nos ajudar a abrir os olhos.

Portanto, da próxima vez que você sofrer uma decepção, em vez de ficar preso nesse estado, pense no que você pode aprender com essa situação. Considere estas perguntas:

1. O quê? Você acha que apenas uma coisa pode fazê-lo feliz ou satisfazê-lo?

Às vezes nos tornamos obcecados por uma coisa, acreditamos que somente se tivermos isso, poderemos ser felizes ou nos sentirmos satisfeitos e, se não a alcançamos, nos sentimos decepcionados e caímos na mais profunda tristeza. Entretanto, se subordinarmos nossa felicidade ou satisfação a uma única coisa, teremos um problema sério. Se não estamos felizes com o que temos, é provável que tampouco seremos felizes com o que alcançarmos, simplesmente porque a felicidade é um estado interior.

2. Quem? Você acha que apenas uma pessoa pode satisfazer seus desejos?

Às vezes pensamos que quando encontramos nossa alma gêmea, as estrelas se alinharão e viveremos felizes para sempre. Procuramos nessa pessoa em uma série de características e criamos expectativas muito altas. Então, quando a realidade bate à porta, acabamos decepcionados. Talvez você esteja esperando demais da outra pessoa? Talvez você tenha expectativas que essa pessoa não possa satisfazer? Lembre-se de que a verdadeira satisfação deve vir de você, não depender de outra pessoa. Não pense que os outros devem se preocupar com você, ajudá-lo ou comprometer-se com você. Em vez disso, pergunte a si mesmo o que pode fazer por essas pessoas.

3. Quando? Você define um limite de tempo para conseguir o que deseja?

Nossas expectativas são influenciadas por normas sociais. Sem perceber, seguimos regras implícitas que indicam quando devemos cumprir certos objetivos. Como resultado, colocamos prazos em nossas metas e, se não as obtemos, sentimos que fracassamos. Encontrar a metade da laranja, organizar tudo em nossa vida, ter sucesso profissionalmente… Em vez disso, devemos entender que somos todos únicos e que seguimos um ritmo diferente. Comparar e nos apressar só nos levará à decepção e a interpretar mal os sinais da vida, que às vezes não diz “não”, mas apenas “espere”.

4. Como? Você acha que existe apenas um jeito certo de fazer as coisas?

Embora tenhamos projetado tudo nos mínimos detalhes, a vida sempre se encarrega de injetar uma dose de caos. Pensar que existe apenas uma maneira de alcançar seus objetivos ou que há apenas uma maneira correta e adequada de fazer as coisas, inevitavelmente levará à decepção. É bom ter um roteiro, mas não devemos esquecer que sempre há espaço para a improvisação. Se a vida não funciona de acordo com nossos planos, isso significa que devemos mudar, nos adaptar às novas circunstâncias e desenvolver um novo plano.

Chorar sobre o leite derramado não vai ajudar. De fato, Abraham Maslow descobriu que pessoas autorealizadas têm a rara habilidade de distinguir entre meios e fins; isso é, eles têm os olhos fixos em seus objetivos, mantendo-se abertos às várias oportunidades que podem surgir. Estão cientes de que existem diferentes maneiras de chegar lá.

Não use a decepção como tijolos para construir muros emocionais

Devemos ter um cuidado especial com a decepção, porque ela pode se transformar nos tijolos com os quais construímos muros emocionais. Quando uma decepção é muito grande ou acumulamos pequenas decepções, podemos nos sentir tão enganados e traídos, que construímos um muro ao nosso redor.

É verdade que esse muro nos protege de decepções futuras, especialmente em se tratando de relacionamentos amorosos, mas também nos impede de retornar à alegria, ao amor e à emoção. Portanto, devemos nos certificar de curar a ferida emocional e não ficar presos na decepção. Devemos usá-las como oportunidades para aprender e crescer, não como desculpas para nos fecharmos ao mundo.

(Link original: rinconpsicologia)
*Traduzido e adaptado por Marcela Jahjah, da equipe Fãs da Psicanálise

*Texto traduzido e adaptado com exclusividade para o site Fãs da Psicanálise. É proibida a divulgação deste material em páginas comerciais, seja em forma de texto, vídeo ou imagem, mesmo com os devidos créditos.

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