Atualmente, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, o TOC está entre as 10 maiores causas de incapacitação das pessoas. Somente no Brasil, é provável que existam entre 3 e 4 milhões de portadores do TOC. Muitas dessas pessoas, embora tenham suas vidas gravemente afetadas, nunca foram diagnosticadas e tampouco tratadas. Segue um relato de uma pessoa e sua jornada com TOC:
“Aos 20 anos comecei a apresentar comportamentos que fugiam da normalidade. Uma preocupação exagerada com doença e lavava muito as mãos. No início dos anos 90 se sabia muito pouco ainda sobre o TOC. Fiz psicoterapia com psicólogos renomados e não obtive resultado. Na época, eu queria muito morar fora e como diminuí os rituais tive uma melhora mas não a cura.
Anos depois, de volta ao meu país tive uma crise muito forte. Tinha medo de tudo. Ficava tendo pensamentos que me deixavam agoniada e rituais para aliviá-los. Tinha medo de fazer planos para a semana seguinte porque estava muito doente. Procurei ajuda na psicoterapia e tomei remédio. Ainda me lembro da primeira vez que estive com a Lidiane. Estava amedrontada e muito sofrida. Ela me fez compreender como era o processo do TOC.
Eu fui melhorando, dia após dia. Me espelhei na recuperação da Luciana Vendramini. Se ela conseguiu, eu também iria conseguir. Eu sempre agradecia a Lidiane pela minha recuperação mas ela dizia que 60% do sucesso do tratamento era do paciente, 40% do psicólogo. Eu agradeço a ela por me possibilitar ter uma vida normal. É muito libertador ter uma vida sem medos. Se ainda tenho esses pensamentos? Muito raramente [pois] identifico logo que é do TOC. Eles passam sem me trazer sofrimento. Vida normal, trabalho, estudo, em família, esportes, lazer. Você também vai conseguir vencer essa doença”. S, 45 anos.
Como pode ver, apesar de causar grande incapacitação na vida da pessoa, procurar ajuda e tratamento pode trazer resultados incríveis. Mas infelizmente isso nem sempre acontece por inúmeras razões:
– Acham que ninguém irá compreendê-los;
– Não se dão conta de que os seus comportamentos repetitivos, popularmente considerados “manias” são, na verdade, sintomas do TOC;
– Sentem vergonha dos seus rituais, que eles mesmos reconhecem como inapropriados;
– Sentem medo dos seus pensamentos recorrentes e persistentes, “ruins” e invasivos;
– Sentem culpa por imaginar que podem ser pessoas más, que podem vir a por em prática as imagens ou impulsos absurdos.
SINAIS E SINTOMAS DE TOC
O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é um transtorno mental complexo e heterogêneo. Heterogêneo porque pode se manifestar através de uma grande variedade de sintomas. Esses sintomas envolvem:
Obsessões – Alterações do pensamento
– Dúvidas;
– Necessidade de ter certeza;
– Preocupação excessiva com sujeira, germes ou contaminação;
– Pensamentos, cenas ou impulsos indesejáveis e impróprios relacionados a sexo;
– Preocupação com simetria, exatidão, ordem, sequência ou alinhamento;
– Pensamentos supersticiosos com números especiais, cores de roupa, datas e horários que podem causar desgraças.
Leia Mais: Vamos falar de TOC!
Compulsões – Alterações do comportamento
– Rituais;
– Evitações;
– Repetições;
– Indecisão;
– Lentidão para realizar tarefas;
– Aflição;
– Medo;
– Culpa.
ESTRATÉGIAS DE NEUTRALIZAÇÃO
As estratégias de neutralização são as formas como as pessoas acreditam que conseguem eliminar ou reduzir as possíveis consequências desastrosas associadas às obsessões. Como por exemplo:
– Compulsões/rituais
– Evitação do contato com objetos ou situações que representam “perigo”
– Rezando
– Tentar vigiar e afastar “maus” pensamento”
– Anular um pensamento “ruim” com um pensamento “bom”
Além disto, a marca registrada do TOC são as repetições. As compulsões são realizadas com o objetivo de aliviar o medo, a aflição ou o desconforto que ocorrem sempre que a mente é invadida por uma obsessão. Isto é, invadida por um pensamento de conteúdo catastrófico, como contaminar-se, contrair uma doença grave ou ser responsável por um acidente.
CLASSIFICAÇÃO E TIPOS DE TOC
Existem dois tipos de TOC:
a) Transtorno obsessivo-compulsivo subclínico: as obsessões e rituais se repetem com frequência, mas não atrapalham a vida da pessoa;
b) Transtorno obsessivo-compulsivo propriamente dito: as obsessões persistem até o exercício da compulsão que alivia a ansiedade.
Leia Mais: Será que você tem TOC?
CAUSAS DE TOC
As causas do transtorno obsessivo-compulsivo ainda não são totalmente compreendida. Principais teorias incluem:
– Biologia – TOC pode ser um resultado de alterações na química natural do seu corpo ou funções cerebrais.
– Genética – TOC pode ter um componente genético, mas genes específicos ainda não foram identificados.
– Meio Ambiente – Alguns fatores ambientais, como infecções, são sugeridos como desencadeantes do TOC, mas são necessárias mais pesquisas.
FATORES DE RISCO
Há alguns fatores que podem aumentar o risco de desenvolver ou desencadear transtorno obsessivo-compulsivo incluem:
– História de família – Ter pais ou outros membros da família com o distúrbio pode aumentar o risco de desenvolver o TOC.
– Eventos de vida estressantes – Se você passou por eventos traumáticos ou estressantes, seu risco pode aumentar. Esta reação pode, por algum motivo, desencadear os pensamentos intrusivos, rituais e aflição emocional característicos do TOC.
– Outros transtornos mentais – O TOC pode estar relacionado a outros transtornos mentais, como transtornos de ansiedade, depressão, abuso de substâncias ou transtornos de tiques.
TRATAMENTO: MEDICAÇÃO OU TERAPIA
Se houver a possibilidade de você ser portador (a) do TOC, é recomendável que busque ajuda do seu médico ou terapeuta. Hoje existem tratamentos efetivos que podem aliviar o seu sofrimento, conduzi-lo (a), dependendo do caso, à remissão parcial ou total dos sintomas e ensiná-lo (a) estratégias que poderão auxiliá-lo (a) a prevenir eventuais recaídas.
É possível se reconectar com a vida que você gostaria de viver e com a pessoa que realmente deseja ser. Se o caminho da mudança começa por você, então ele pode começar a qualquer momento.
O tratamento pode ser medicamentoso e não medicamentoso. O medicamentoso utiliza antidepressivos inibidores da recaptação de serotonina. São os únicos que funcionam.
A terapia cognitivo-comportamental, que é uma abordagem não medicamentosa com comprovada eficácia sobre a doença. Seu princípio básico é expor a pessoa à situação que gera ansiedade, começando pelos sintomas mais brandos. Os resultados costumam ser melhores quando se associam os dois tipos de abordagem terapêutica.
(Autora: Lidiane Pontes)
(Fonte: zenklub)
*Texto publicado com a autorização da administração do site.