Mesmo nos ocupando o dia todo, será que estamos mesmo vivendo nossa vida plenamente? O que acontece quando caímos na preguiça como estratégia de vida? O que acontece quando nos encontramos com ócio excessivo? Fazer o mínimo possível, isso é realmente saudável?
A preguiça é algo embutido em todo ser vivo. É algo até biológico. O ser vivo naturalmente quer gastar o mínimo possível de energia para assim necessitar menos energia em contrapartida. E pensar também gasta energia, mais do que imagina. O cérebro, pensando duro, requer bastante energia. Por isso que até em termos de usar o cérebro, o ser humano foi programado para fazer o mínimo possível.
Esta preguiça se manifesta de forma existencial, algumas vezes de forma menos óbvia do que parece. Sim, temos a imagem da pessoa super preguiçosa. Aquela sentada na frente da TV o dia todo, fora de forma, casa imunda, nem toma banho, etc. Óbvio que este estado triste e melancólico é alarmante.
Mas há outras formas de abandonarmos nossos dharmas. Por exemplo, tem a pessoa que prefere ficar solteira, apesar de ter desejo de companhia romântica, para evitar a dor de cabeça do casamento. Então, ao invés de se comprometer e se dedicar a outra pessoa, acha que está sendo esperta tendo casos superficiais e temporários, conseguindo a companhia e sexo e depois largando para não ter outras responsabilidades. E tem os que casam, mas evitam ter criança porque não querem o trabalho natural que ter crianças traz.
É comum a preguiça disfarçada de ficar horas a mais no trabalho, ao invés de dar mais atenção a família, aos filhos. E todos já experimentaram a preguiça de não cuidar do corpo, de não ter na vida um programa inteligente de exercícios.
Tem o cidadão que acha mais fácil eleger um político corrupto na ideia que “rouba mas faz”. Tem preguiça de levar a sério o princípio de justiça e honestidade, até mesmo para confirmar sua ilusão que todos são corruptos, então ele ou ela mesmo pode também roubar e mentir.
Tem a preguiça de quem mata animais, sabendo que é eticamente injustificável, sabendo que faz mal para a mente e o corpo, mas tem preguiça de sair de sua zona de conforto para buscar novos hábitos alimentares.
E o que dizer da preguiça de não cultivar a vida espiritual? Isso é tão marcante que mesmo nas escrituras antigas dizia-se que nesta Era um dos traços da humanidade seria a preguiça espiritual.
Em todos estes casos, saímos perdendo. Ao não realizar nosso dharma, não importa qual foi a dita recompensa superficial que encontramos, estamos nos sabotando. Ao não viver sua essência, seu dever, você se vende, se empobrece. A vida perde um pouco de sentido a cada dharma ferido.
Então fique atento. Não crie o que eu chamo de “déficit dhármico”. Não abra mão de seus dharmas em nome de qualquer consideração superficial ou material. Não deixe de ser você em seu pleno potencial por preguiça.