“Talvez a gente se esbarre e se conheça de novo com o olhar mais maduro e o coração mais decidido.” Tatiane Argenta

Eu achava que, aos poucos, a gente morria de amor, depois do fim, depois da despedida, mas não, ninguém morre. Dói muito e a angústia chega a apertar o peito; você chora baixinho pra ninguém ouvir antes de dormir e a saudade invade de um jeito avassalador.

Quantas vezes eu quis saber como você estava sem mim, se encontrou outro alguém ou se ainda pensava em nós. Mas todas as dores, as feridas, as noites em claro, a angústia que se fazia presente em meu peito, a dor que persistia em ficar, tudo isso passou, a tempestade acabou e deixou-me ainda mais forte. Depois do fim, é difícil recomeçar, e como dói lembrar daquele adeus.

Eu nunca precisei esbanjar sorrisos de graça para parecer bem quando eu não estava. Nunca escondi a saudade e evitei a todo custo fazer pose para parecer feliz, quando, de fato, eu não estava. Portanto, se eu sorrir é porque estou bem, não preciso declarar a minha felicidade aos quatro cantos do mundo, como quem precisa mostrar a todos que, depois do fim, superei de forma mágica, não sofri e que estou melhor do que nunca.

Sinceramente, acho desnecessário querer parecer feliz e realizado logo após uma história tão bonita, quanto a nossa foi, ter se acabado. Também não vou me abrigar no primeiro abraço, nem me entregar ao primeiro beijo que me aparecer. Não vou me tornar uma pedra e não vou me fechar para a vida, eu só quero um tempo. Um tempo não para ficar sofrendo, chorando e pensando em tudo que acabou, mas um tempo para aproveitar e sugar tudo o que há de bom, recarregar as energias, descobrir novos lugares para ir num sábado à noite, conhecer pessoas que nunca quis conhecer, terminar a minha lista de séries no Netflix, descobrir onde tem o melhor cappuccino, fazer um tour gastronômico pela cidade e planejar a minha próxima viagem. Esse meu coração teimoso precisa aprender a reencontrar o tal do amor-próprio.

Hoje, tive um encontro comigo e descobri coisas que antes, sei lá, passavam despercebidas, talvez. Mas sabe, meu sorriso é mesmo bonito, as minhas piadas são realmente muito ruins e eu não sou tão simpática assim. Não tenho preferência musical e meu gosto é um tanto quanto diferente, estranho, talvez. Meu abraço é o melhor do mundo e sei apoiar alguém, como ninguém. Realmente, você tinha razão quando dizia que fico linda de pijama. Você tinha razão quando dizia que minha risada era engraçada e que sou a melhor companhia de viagem que alguém poderia ter.

Você estava certo quando dizia que me faltava coragem, às vezes, para lutar pelo que eu queria e que eu precisava não me esconder tanto do mundo, não precisava me defender tanto das pessoas e, por mais que as feridas fizessem morada em mim, eu precisava me esvaziar da dor.

Lembrei de quando você me dizia o quanto eu era incrível e que eu merecia tudo de melhor. Eu realmente mereço e é por isso que eu não posso deixar o meu mundo desmoronar. É por isso que não posso criar um bloqueio e impedir que coisas boas cheguem até mim, pois a dor não pode ser maior do que as possibilidades tão lindas que vejo por aí, e não posso permitir que essa insegurança tire as coisas boas de mim.

Então, eu lhe desejo abraços calorosos, sorrisos que fazem a gente ganhar o dia, um cafuné num domingo à tarde, abraços de moletom no inverno, mensagens de bom dia e risadas que fazem doer a barriga. Seja feliz, porque eu também vou ser. Mantenha a sua fé, sua coragem e sua ousadia de viver, porque eu também vou manter a minha alegria, minha paz e meu sorriso encantador.

Quero me encantar de novo com a vida, quero continuar me descobrindo, sei que, para pessoas como eu e você, sempre há coisas boas reservadas. E não pense que “não demos certo”, nós demos sim, e muito certo, por um tempo. E agora, outras coisas, pessoas e momentos vão aparecer em nossa vida e vai dar certo novamente, de uma forma diferente, mais intensa talvez ou mais devagarinho; mas vai, acredite.

Talvez a gente se esbarre por aí novamente, com o coração mais feliz e maduro, talvez a gente sinta falta e, depois de tantos reencontros, decida pousar no mesmo lugar. Aprendendo a aceitar aquilo que não soubemos aceitar, amando aquilo que não conseguimos amar, descobrindo aquilo que tentamos esconder e resolvendo tudo aquilo que deixamos para depois. Talvez a gente se esbarre novamente com o coração mais calmo e decidido a lutar, a ficar, mas, por hoje, é melhor alçarmos voo.

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Estudante de psicologia, 22, é aquela que escuta mil vezes a mesma música e tem a risada escandalosa. Não dispensa um sorvete e adora um pastel de feira com muito catupiry, mesmo sendo intolerante a lactose. Encontra paz na oração e vê amor nos pequenos detalhes.

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