Uma grande dificuldade da pessoa que é alvo de relações abusivas é dizer NÃO ou estabelecer limites pessoais. São pessoas sempre disponíveis, “boas”, prontas, que agradam a qualquer custo. Não querem decepcionar ou aborrecer quem quer que seja, e, assim, se aborrecem e se decepcionam. A essas pessoas falta assertividade e noção de qual é o seu espaço íntimo e intransponível.

Ponha um ponto final imediatamente nesse comportamento, caso contrário, não poderá jamais avançar na estrada que leva a relações sãs e igualitárias. Você permanecerá em relações, sejam íntimas, familiares, de trabalho ou amizade, sentindo-se usado e exausto.

Aqui, uma listinha inicial de “bastas” que você deve praticar rumo a liberdade de ser quem é, acolhendo os outros de forma equilibrada:

1. O que você faz tem valor e você merece ser reconhecido por isso. Exija respeito por seu trabalho, seus pontos de vista, seus gostos e decisões. Não permita que se apoderem de seu trabalho ou suas ideias e, menos ainda, que desqualifiquem o que faz e pensa.

2. Não deixe que ninguém diga que seu ego é inflado por exigir respeito. Ego é uma coisa, tolerar falta de ética, lisura e respeito é outra bem diferente. Usurpadores vão tentar confundir você, para que sinta culpa por exigir respeito.

3. Não tenha medo de dizer NÃO. Ao trocar, de forma equivocada, um não por um sim, você se agride, atrapalha o crescimento do outro e fica sem aquilo que no fundo espera: reconhecimento.

4. Não vá doando para quem não sabe dar. Doação, em especial doação de amor, é uma via de mão dupla. SEMPRE.

5. Cuide primeiro de seus interesses, antes de querer resolver a vida dos outros. Quem não tem nada de bom para dar a si, não terá nada de bom para dar aos outros, pelo menos não por muito tempo.

6. Estabeleça limites e não permita que ninguém os ultrapasse. Não permita que as pessoas aluguem você com seus problemas e necessidades sem sequer querer saber se você está em condições de absorver ou ajudar naquele momento. Amigos e familiares sabem sugar doadores e “bonzinhos” como ninguém. Dê um basta. É libertador.

7. Não permita que julguem você por suas escolhas, inculcando-lhe culpa por ter ido cuidar de um interesse seu antes de ir resolver os problemas dos outros. Quando for julgado ou tiver um dedo apontado para sua cara, pergunte a essa pessoa, com assertividade: Por que está me julgando? Quando foi a última vez que perguntou sobre as minhas necessidades? Por que acha que sabe como eu deveria tomar decisões sem estar na minha pele? Diante de julgadores, jamais se defenda com explicações ou se desculpe. Ao invés disso, devolva com uma pergunta que faça com que o outro reflita sobre o cabimento de seus julgamentos.

8. Quando for alvo de ataques verbais, abertos ou sutis, jamais entre num conflito violento de gritaria e acusações. Às vezes, é exatamente seu desequilíbrio que a outra pessoa quer trazer à tona. Ao invés disso, devolva a agressão de forma serena e com perguntas: “Por que acha que minha ideia é ridícula?” “O que você quer dizer quando diz que sou idiota?” “Você me chamou de X, mas teve um comportamento que daria a você essa característica. Está afirmando que sou X ou apenas projetando sobre mim o que pensa sobre você mesmo?” “Você parece se incomodar com minha presença. O que em mim lhe causa tanta insegurança?”.

Perguntas como essas vão fazer a outra pessoa parar para se defender e, assim, tirar o foco da agressão destinada a você. Observe aí a linguagem corporal do agressor e se verá diante de alguém inseguro e pouco assertivo, assim como sabe fazer com que você se sinta.

9. Defina seu espaço, o momento do dia em que não quer ser incomodado, o que para você é intolerável e seja verdadeiro com essas convicções. Quando você é assertivo sobre seus limites, verá que, quando permitir, em ocasiões pontuais, que alguém os ultrapasse, essa pessoa se sentirá grata, reconhecedora de sua disponibilidade. Se você é do tipo que diz sempre sim e está sempre de prontidão, será sistematicamente desvalorizado quando não precisarem de você e agredido quando ensaiar dizer um não. Saia hoje mesmo desse ciclo.

(Fonte: RelacoesToxicas)

 

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Coach de relacionamento, administra a página Relações Tóxicas, na qual dá dicas e apoio a pessoas que vivem, viveram ou sobreviveram a uma relação abusiva. Como advogada, atua principalmente em questões de família. Seu maior prazer é escrever reflexões sobre a vida e sobre o ser humano. è colunista do site Fãs da Psicanálise.

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