Uma vez Rubem Alves falou que “é no vazio do jarro que se colocam flores”. Isso mesmo, meu caro e querido Rubem Alves, assim como o jarro, a vida precisa desse vazio. É ele que possibilita ao sujeito impulsionar-se diante da vida e buscar o encontro consigo mesmo e com o outro.
Diria que o vazio é causa de desejo, pois provoca-nos estar em constante busca por algo que preencha o que está incompleto. Ah, a incompletude do ser, causa de tantas emoções, nos impulsionando a seguir o caminho… O caminho da vida!
Como fazer com que o sujeito, causa de desejo, acredite que somos todos seres incompletos e que a plena completude não virá, pois a falta está marcada, como uma tatuagem em nosso corpo, em nossa vida, em nosso mais íntimo ser? Vou me reportar mais uma vez a Rubem Alves quando diz que “um poema precisa do vazio da folha de papel em branco para ser escrito”.
Mesmo os belos poemas precisam do vazio inicial para escrever. Assim é o ser humano, caminha com o vazio que o coloca diante da busca diária por preenchê-lo, ora uma busca leve; ora uma busca desenfreada. E o que fazer para que essa procura seja leve? Criar e recriar-se para que a trajetória seja vivenciada com leveza. Dar voz ao inconsciente. Sim, dar voz ao inconsciente, a esse que parece ser estranho, mas é familiar.
Veleje e escolha você mesmo tocar esse barco. A análise nos provoca a isso, a tornar-se sujeito de si diante desse vazio necessário para a vida ser vida. Finalizo essa escrita com as palavras de Jacques Lacan: “Somos seres desejantes destinados a incompletude, e é isso que nos faz caminhar”. Sigam adiante…