Na história do ser humano notamos que houve muito progresso e aumento do conforto, mas paradoxalmente, não aumentou a sua tranqüilidade. Em vez desta, aumenta o número de pessoas com medos e ansiedades.
Você acha que os medos são barreiras na vida? Então, vale a pena rever seus conceitos. A teoria cognitiva defende que a emoção é uma reação a uma idéia, ou seja, não é o fato que provoca a emoção e sim a interpretação que é feita sobre ele.
É fácil observar isto, quando se nota que pessoas podem entender uma mesma situação diferentemente. Por exemplo, imagine-se só em casa e ninguém está para chegar. De repente, você ouve um ruído alto na cozinha. Você sentirá medo? Depende do que você pensar neste momento. Se imaginar que o gato do vizinho entrou pela janela e derrubou algo na pia, não sentirá. Se pensar que pode ser um ladrão, ou um fantasma, talvez sinta.
Então, não é o ruído que causa a sua emoção e sim o pensamento, algo que podemos mudar, reinterpretando os fatos. Desta forma, podemos mudar qualquer emoção, incluindo o medo e obter controle sobre ele. Isto prova que podemos ser donos de nós mesmos.
Então, o medo não é o inimigo. Aprendi, como médica, que os sintomas como febre e dores não são os problemas. São apenas sinais de um outro mal que precisa ser investigado e tratado. Com as emoções ocorre o mesmo. O medo, a ansiedade e mesmo o pavor são apenas sintomas e muitas vezes, as idéias que os originam são irreais ou distorcidas e isto é o que causa o sofrimento, assim como no exemplo acima você pode ter pensado no ladrão e, quando foi conferir, viu que era o gato. Seu medo foi irreal e inútil.
Nossa cultura é plena de crenças pessimistas e restritivas. Com a desculpa de se proteger das frustrações e do sofrimento, são geradas crenças que causam mais insegurança e medos inúteis do que fluência para viver. Então, o que pode barrar um profissional, quando está diante de uma situação nova e ousada, não é o medo e sim o que ele diz pra si mesmo.
Por exemplo… E se não der certo? E se o meu chefe não gostar do resultado e me repreender? E se piorar a minha avaliação de desempenho? E se eu perder a promoção? Bem, não é preciso ser um adivinho para concluir que depois de imaginar tudo isto, há grande chance do nosso colega aqui desistir do primeiro passo. Mas, lembre-se que o “sonho” sempre está em terreno desconhecido e não é por acaso, é justamente para lhe impulsionar para evoluir, usar seus recursos e superar estas idéias pessimistas. É por isto que a realização dos sonhos traz a sensação de vitória.
Leia Mais: Tenho medo de quem fala mal dos outros e pavor de quem elogia demais a si mesmo
E a mulher, tem mais medo do que o homem? Culturalmente sim, mas a tendência é de uma inversão, porque a mulher tem permissão para esta emoção. Desta forma, ela a identifica logo e, se tiver razoável estrutura psicológica, lidará com ela.
O homem tem maiores barreiras e muitos deles creem que o medo os inferioriza. Como coach, muitas vezes preciso usar a palavra receio para ajudar um homem a ver que tem medo. O preconceito só atrasa seu caminhar, pois ele não consegue enxergar facilmente o sinal e continua na ilusão. É como se ele tivesse febre, mas não percebesse. Desta forma não pode tratar da infecção e esta piora.
Então, o homem está mais vulnerável às conseqüências do medo e, portanto, fica mais preso a ele do que as mulheres. O que compensa esta diferença é que eles têm culturalmente mais coragem para se arriscar, por isto avançam.
Então, o que se pode fazer com o fantasma do medo? Para seguir rumo ao seu sonho, fique de olhos abertos para dentro de si mesmo. Identificando a presença do medo, observe e descubra qual é a ideia que está por trás dele.
Essa é realista e sugere um cuidado necessário? Se for apenas pessimista, busque ser otimista e reinterprete a realidade. Se achar que vale a pena o risco, incentive-se para dar os passos na direção do seu sonho. Enfrente estes fantasmas e sentirá, cada vez mais, a delícia de ser dono de si mesmo e vencedor!
(Autora: Dra. Elizabeth Zamerul Ally, médica psiquiatra, psicoterapeuta, especialista em Dependência Química e Codependência)
(Fonte: dependenciaecodependencia)