A vida sempre nos exige decisões e posicionamentos. Preciso saber qual a faculdade que eu quero pra mim. Preciso saber qual o melhor presente para dar no próximo dia dos namorados. E também é importante saber o que eu valorizo como bom e ruim para mim.
Enfim, sempre sou convocado a me posicionar. Mas quando vem algo que faz balançar as certezas que eu tinha, vem o dilema: mudo de ideia ou me mantenho firme em minha posição?
O ser humano vive em busca de certezas. Quanto mais certezas, mais segurança. Se eu sei o que gosto de escrever, basta procurar carreira com essa atividade que minha vida profissional estará encaminhada. Se eu me declaro comunista ou liberal, basta eu ler apenas livros dos assuntos que gosto e discordar de meus antagonistas (sem me aprofundar na posição destes) que estarei seguro em meu posicionamento. E assim não preciso mais questionar nem a mim mesmo e nem aos outros, afinal, já estou seguro (e rígido) como uma rocha.
Entretanto, a segurança sempre foi e sempre será a mais primordial das ilusões. Se no mundo dos fatos não há segurança absoluta, no mundo das ideias e dos sentimentos não é diferente. Da mesma forma como uma demissão abala a segurança financeira de alguém, um simples novo acontecimento tem o poder de abalar uma convicção.
A cada momento estamos dialogando com outras pessoas, nos deparando com novos problemas, novos sofrimentos e novas vitórias. O inesperado, assim, sempre nos bate a porta, dando o convite para que revisitemos nossas convicções e decisões.
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Uma simples pergunta de um oponente ideológico, ou até mesmo de um amigo, pode me fazer repensar minhas ideologias. O desemprego pode me fazer repensar minhas prioridades profissionais. O término de um relacionamento pode me fazer rever posturas e valores afetivos que eu tinha, repensar hábitos.
Mas assumir um engano e mudar de posição pode ser algo dolorido. “Como eu, que pensava X, posso agora considerar Y? Logo eu, que tanto acreditei em X?”. “Como eu, pós-graduado, posso estar pensando em trabalhar em carreira de ensino médio, só para ter alguma renda?”. E essas indagações mostram o evidente: sim, eu mudei de ideia. A questão é que nem sempre aceito isso, e mergulho em um conflito. Sofro. Às vezes muito. Tudo porque não quero admitir que mudei.
Quando a estação chuvosa termina, as formigas se atentam a esse fato e saem mais de seus formigueiros. Quando o frio se vai, as plantas aceitam o convite do calor e produzem flores, folhagens e frutos. Da mesma forma, quando a vida me convida a uma nova escolha ou a um novo pensamento, acolher essa mudança será sempre mais natural.
Resistir significa estar firme, mas também aprisionado numa tormentosa segurança. Cabe a cada um de nós saber se buscamos prioritariamente certeza ou paz em nossas escolhas. A vida nos convida. Aceitar o convite talvez seja uma opção mais leve…