Ahh… moça. Eu que tanto te vi e não enxerguei, que te ouvi sem escutar, que fui tão longe quando estavas perto, eu que tanto passei e te deixei passar, eu acredito no amor à segunda vista.

Vieste fazendo festa, revirando a casa, ganhando o dia, bagunçando a noite. Foste aragem na tempestade, foste um remanso, uma brisa, um sonho leve. Mas eu dormi pesado, acordei e tu já eras lembrança.

Neste mundo corrido, amamos nosso amor à primeira vista como dois trens-bala japoneses, passando um pelo outro em sentidos contrários. Breves, rápidos, opostos. E sumimos um em cada canto, distantes, estranhos, desconhecidos.

Mas eu queria, moça, ahh… eu queria uma segunda vez. Queria tropeçar na lâmpada de um gênio desavisado, generoso, e libertá-lo em troca de três desejos realizados: ia pedir para te conhecer três vezes. Juro! Teria três chances de esperar teu amor na porta, abraçá-lo como a um velho amigo, convidá-lo a entrar e ficar para sempre.

À primeira vista o amor engana. A gente não vê o que faz, não entende o que põe a perder e não sabe o que perde. É preciso olhar de novo, amar de novo, fazer melhor que antes.

O tempo é breve, eu caminho na lua e tu sabes: quem olha muito o céu vez ou outra perde o que passa aqui embaixo.

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E eu me atrasei em tua festa. Eu que tanto te vi chegar e te deixei partir. Eu que te amei sem te saber. Eu que te achei não lembro onde. Eu que te perdi e não esqueço. Eu que sonho em te ver de novo. Eu que acredito, ahh… eu acredito no amor à segunda vista.

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Jornalista de formação, publicitário de ofício, professor por desafio e escritor por amor à causa. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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