Tá ouvindo? Eu gosto desse barulho que só a gente escuta. Eu gosto dos amores que nascem no silêncio.
Um amor que não nasce em um “te amo”, que o sentimento não vem comprometido de alguma declaração, mas se descobre nas intenções. Afinal, depois de um “te amo” o mundo nunca mais é o mesmo. Gosto dos amores que vêm silenciosos, que nos surpreendem, daqueles que a gente nem percebe e quando vê, já se está amando.
Aliás, eu acredito que, em alguns casos, quando falamos que amamos alguém e demonstramos isso para o mundo, deixamos de amá-lo um pouco. É que às vezes acabamos criando um personagem do nosso amor. Não sou contra demonstrações públicas, mas acredito que o amor precisa ser sentido e depois falado.
Esses amores barulhentos nunca me atraíram. Quando se declara apaixonado, amar já não basta. É preciso demonstrar o amor praticamente o tempo todo. É preciso escrever textos super românticos e desenhar milhões de corações, independente se do outro lado há caos ou insegurança na relação. É preciso manter as aparências.
Por isso eu me apego aos amores tímidos. Gosto dos conflitos de um casal normal, que se resolvem no sofá. Prefiro aquelas decepções que gritamos cara a cara e resolvemos com uma transa com as emoções à flor da pele. Chama-me mais a atenção um pedido de desculpas que vem da alma e não de uma frase copiada.
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Gosto desses amores calados que não necessitam de declarações ou promessas, que não precisam reafirmar a sua felicidade nas postagens das redes sociais e não fazem tanto alarde sobre surpresas ou gestos do outro, daqueles amores que são sólidos o suficiente para bastar-se no silêncio.
Alivia-me que, na calmaria da sala, me conte os seus dias e as inquietações da vida que você teima em resolver. Assim como os seus beijos de terça-feira na madrugada que não precisam de check-in. Gosto de simplificar os caminhos do amor, porque talvez o amor seja essa simplicidade toda que insistimos em enfeitar.
Dizem que: o que ninguém sabe, ninguém estraga”. Por isso, eu espero que o nosso amor sempre ecoe baixinho. Talvez o que todos precisam saber é que o pensamento de um vai sempre ao encontro do outro e não precisemos mais do que isso. Tudo bem, se não registramos todos os momentos, mas que os vivamos com toda a sua grandeza.
Porque quando o amor aparece com toda a sua força e pureza, o que importa o mundo?
Além disso, percebi que não devemos nada a ninguém.
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Quero esse silêncio prazeroso que é estar ao seu lado e bastar-me de nós dois. Porque eu acredito que o amor seja um pouco disso, esse egoísmo mútuo de ser somente nosso. Deixar algumas coisas entre quatro paredes e outras na profundidade da alma.
Então que o nosso amor seja essa música que nunca acaba, a trilha sonora que nunca enjoa, o violão que nunca desafina. E que o barulho que só você causa aqui dentro, nunca silencie.
(Autor: Francisco Galarreta)
(Fonte: antesdasobremesa.wordpress.com)
*Artigo publicado com autorização do site