Não espero muita coisa das pessoas que se aproximam do território do meu coração.
Pra chegar aqui não precisa se preparar tanto, usar a melhor roupa, a melhor fala, mostrar uma vida boa.
Meus olhos não brilham pelas cascas, pelos invólucros, acessórios e acúmulos.
Meu olhar distraído não percebe muitas vezes os malabarismos, os teatros de encantamento, o cheiro dos perfumes, o carro, o nível de formação acadêmica, o número de amigos legais, os planos grandiosos.
Me impressiona mesmo o jeito de andar pelas ruas, de tratar as pessoas, de falar com a mãe no telefone, de gostar de animais.
Me impressiona a rebeldia da alma, o olhar questionador, a não aceitação dos modelos, a facilidade de se apaixonar por tanta coisa e expressar isso, a vontade de se abrir para a vida por inteiro, e de colocar mais amor por onde andar.
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Me impressiona a fluidez da conversa, a capacidade de ouvir e de não julgar com o filtro dos medos. A simplicidade em sorrir, a facilidade em relaxar o corpo e a mente.
Me impressiona o autoconhecimento, a vontade de viver se resgatando, a coragem de mostrar as imperfeições e vulnerabilidades, de estampar as estranhezas, vícios, neuroses e de rir de si mesmo.
Meus olhos brilham por pessoal humanas, de coração macio, que buscam mais carinho do que status, mais crescimento interior do que grandes conquistas, mais parceria do que domesticação, mais momentos bons do que contratos.
Não espero muita coisa das pessoas que se aproximam do território do meu coração.
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Espero uma pele que se ajusta bem à minha, uma amizade incondicional que nos deixa livres e seguros para sermos nós mesmos e contarmos até os nossos mais insólitos segredos.
Em suma: espero apenas bons amigos para brincar de vida.
(Autora: Clara Baccarin)
(Fonte: clarabaccarin.com)
*Texto publicado com autorização da autora