A cultura do amor romântico – aquele da alma gêmea, da metade da laranja e da tampa da panela – está em queda livre e, esta crise de paradigma começou com a emancipação feminina.
As pessoas buscam, cada vez mais, serem inteiras. Difícil alguém querer um relacionamento de dependência hoje em dia; aquele que o cara diz amar mais você do que ele próprio ou que a moça se declara: “não sei o que seria da minha vida sem você”.
Esse tipo de relação até acontece – e muito, na verdade – mas não é o ideal da contemporaneidade.
As declarações de amor do século XIX até meados do XX – “você é o ar que eu respiro”, por exemplo – são bregas, controladoras, pesam e assustam os jovens deste século. Estes acreditam e buscam o amor livre, sem fronteiras demarcadas…
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As pessoas querem estar com quem se valoriza, quem tem segurança para viver junto ou viver só.
O amor de construção na parceria, em que o casal busca se ajudar nos pontos fracos e não mais se complementar. É o que o sociólogo Anthony Guiddens chama de amor confluente, baseado na igualdade da doação dos sentimentos, na autonomia e individualidade (conservar seus traços individuais não é ser egoísta ou egocêntrico, apesar de ter quem confunda isso na prática).
Neste tipo de amor não está presente o “para sempre” do romantismo e, por isto mesmo, o rompimento é mais frequente que no passado, já que pode-se amar várias pessoas ao longo da vida.
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Essa tendência, traz muitos desafios:
como ser um casal e, ao mesmo tempo, ser dois? Como respeitar minha individualidade sem me afastar do(a) parceiro(a)? Como caminhar juntos com ritmos diferentes? Como viver do meu jeito sem ferir a liberdade do outro? Como negociar os diferentes planos para o futuro?
São apenas alguns questionamentos de quem opta viver um amor “mais solto”.
Cada geração tem seus desafios, portanto, não podemos falar que antes era pior ou vice versa – até porque analisamos o passado através das lentes do presente. Mas o fato é que, apesar do modelo e das perspectivas terem mudado, continuamos a idealizar a relação perfeita.
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Quando percebemos as falhas inerentes a todo ser humano, às vezes preferimos desistir e começar tudo de novo, na esperança de um dia viver um amor pleno.
Esta falta de habilidade em lidar com o que nos desagrada no outro, talvez seja o maior desafio para a permanência dos laços amorosos atualmente.
A linha entre tentar moldar seu(a) parceiro(a) à sua maneira e tentar ajudá-lo a ser melhor é muito tênue.
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Nem sempre o que consideramos ser bom para o outro, realmente o é.
Algumas vezes, queremos mudar as pessoas apenas para nossa satisfação individual, e, se não conseguimos, partimos para outra relação. E isto pode acontecer indefinidamente…
Essa é a liberdade, mas também o risco dessa nova perspectiva de amar.