Gostaria de conversar com vocês sobre um tema bem interessante.

Encontrei uma citação do Jung na qual ele fala sobre que ele acredita ser necessário para ser feliz.

A citação dizia:

“Em 1960, o jornalista Gordon Young perguntou a Jung, “O que você considera ser mais ou menos os básicos fatores que fazem a felicidade na mente humana ? ”

Jung respondeu com cinco elementos :

1. Boa saúde física e mental;

2 . Boas relações pessoais e íntimas , como os do casamento, da família e amizades;

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3. A faculdade de perceber a beleza na arte e na natureza;

4 . Padrões de vida razoáveis e trabalho satisfatório;

5 . Um ponto de vista filosófico ou religioso capaz de lidar com sucesso com as vicissitudes da vida.

Jung, sempre consciente do paradoxo, acrescentou:

“Todos os fatores que são geralmente assumidos para fazer a felicidade pode, em determinadas circunstâncias , produzir o contrário. Não importa como ideal a sua situação possa ser, ela não garante necessariamente a felicidade”.

1. Boa saúde física e mental

Evidente que é mil vez melhor estar saudável fisicamente do que doente. Estar doente, nem que seja com um resfriado, afeta o nosso estado psíquico e podemos passar a sentir como se estivéssemos amuados, tristes, macambúzios.

Entretanto, doenças crônicas não impedem de todo a felicidade. Nem mesmo doenças mentais específicas trarão a infelicidade de uma vez por todas.

Mas de fato, uma boa saúde física e mental ajuda em muito. Portanto, se a busca que você empreende nesta vida é a busca pela felicidade, procure lembrar-se do lema “mente sã em um corpo são” (mens sana in corpore sano).

Leia mais: Vida saudável é sinônimo de corpo e mente em equilíbrio

Cuide de seu corpo e não deixe de cuidar de sua saúde mental (emoções, sentimentos, pensamentos, motivações, etc).

2. Boas relações pessoais e íntimas

Em um texto que provocou reações acaloradas aqui no site, algumas pessoas defensoras da misantropia, afirmaram que a sociedade não tem mais jeito.

Que as pessoas são más. Que não vale a pena o esforço de criar relações sociais agradáveis e positivas.

Evidente que precisamos de momentos de solitude. Podemos discordar de políticas econômicas, do rumo de certas questões éticas ou morais, porém, viver totalmente isolado das pessoas não parece uma decisão sensata se a busca é a felicidade.

Esses dias vi um documentário de presidiários nos EUA que são obrigados a ficar em uma cela por anos, totalmente isolados.

Em seus olhares, nota-se claramente uma profunda tristeza, que é a tristeza de não ter quem ouvir e não ser ouvido.

Leia mais: Solitude e Solidão - você conhece a diferença?

Claro que o objetivo deste ponto não é ter um milhão de amigos íntimos. Poucos, raros, como dizia Drummond em seu poema de sete faces, são suficientes para aumentar o nosso nível de felicidade.

3. A faculdade de perceber a beleza na arte e na natureza

Platão dizia que o princípio da filosofia (o amor à sabedoria) era Thaumazein – θαυμάζειν. Admiração, espanto, perplexidade.

Embora exista muita controvérsia quanto ao significado deste conceito, ele nos é útil aqui para pensarmos a respeito da nossa capacidade de perceber a beleza natural e artística.

Por exemplo, se você olha um filhotinho de elefante – ou um animal de preferência – não há como não se comover. Não há como não se espantar pelo fato de a matéria ter vida… observar um pôr-do-sol, o nascer do sol, as estrelas… do mesmo modo que observar um Renoir, um Rembrandt, um Monet!

Desenvolver este lado de admiração pela beleza e espanto pela vida se relaciona com a felicidade porque no fundo também estamos agradecendo por esta beleza, além do fato de que desperta a vontade de entender melhor o sentido (ver elemento 5).

4 . Padrões de vida razoáveis e trabalho satisfatório

Pesquisas apontam que não existe realmente uma relação direta entre dinheiro e felicidade. Mas isso não implica que viver uma vida miserável é idêntica a viver uma vida feliz. Não ter o que comer, não ter onde dormir, não ter acesso à condições mínimas de vida implica sim em um sentimento de infelicidade.

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O que as pesquisas apontam é que, a partir de um certo limite, a relação dinheiro e felicidade se equilibra. Ou seja, subir de 5 mil por mês para ganhar 50 mil ou 500 mil não aumenta proporcionalmente a sensação de felicidade diária.

O outro ponto é o trabalho satisfatório. Jung frequentemente fala em seus textos da importância de ter um trabalho. Um trabalho cotidiano pelo qual o sujeito se sinta responsável e sinta que está contribuindo com a sociedade. É um ponto importante em sua psicoterapia.

5. Um ponto de vista filosófico ou religioso capaz de lidar com sucesso com as vicissitudes da vida

Talvez este seja o elemento mais controverso. Jung é muitas vezes tido como um místico.

Porém, é fácil de entender o que ele quer dizer quando aponta a necessidade de se ter um ponto de vista filosófico ou religioso para lidar com as intempéries da vida.

Em outras palavras, não é preciso ser religioso. Não é preciso ir até uma instituição religiosa. Mas é necessário, ao menos, ter e compreender os próprios pressupostos filosóficos.

Ou seja, qual o sentido de estarmos aqui? Qual o sentido de haver sofrimento? Dor? Como lidar com a morte?

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Todas estas – e outras questões – são importantes.

Pode ser que passemos anos ou até décadas sem refletir muito sobre tais questões. Contudo, mais cedo ou mais tarde vamos ter que refletir e pensar sobre tudo isso.

Conclusão

E como entender o fato de Jung dizer o contrário ao final da pergunta? Por qual motivo ele diz:

“Todos os fatores que são geralmente assumidos para fazer a felicidade pode, em determinadas circunstâncias, produzir o contrário. Não importa como ideal a sua situação possa ser, ela não garante necessariamente a felicidade”.

Ele diz isso porque um dos princípios mais fortes em sua psicologia é o conceito de enantiodromia, que vem desde Heráclito.

Em poucas palavras, podemos dizer que a enantiodromia é a tendência psíquica da transformação dos opostos. Quando vamos muito para uma direção, há uma tendência na direção oposta. É o que ele também nomeia como compensação do inconsciente.

No Seminário sobre Psicologia Analítica, ele fala:

“O inconsciente do homem, como eu disse, forma imagens de pessoas perfeitas; mas, quando o homem procura realizar estes tipos de herói, desperta no inconsciente uma outra tendência, [uma tendência], a tentar destruir a imagem. Assim surge a mãe terrível, o dragão devorador; os perigos do renascimento etc” (JUNG).

Por isso, quaisquer dos 5 elementos citados no texto podem – se levados a um extremo – produzirem um efeito contrário ao pretendido.

Por exemplo, ter relações íntimas é, como vimos, um elemento para se encontrar a felicidade. Porém, ir ao extremo e depender de uma outra pessoa para ser feliz só vai causar infelicidade.

(Autor: Professor Felipe de Souza)
(Fonte: psicologiamsn.com )

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A busca da homeostase através da psicanálise e suas respostas através do amor ao próximo.

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