No ano passado, em entrevista à revista Rookie, Emma Watson, uma das grandes estrelas de Harry Potter, declarou:
“Parece que quanto melhor eu me saio, maior é o meu sentimento de inadequação, porque penso que em algum momento, alguém vai descobrir que eu sou uma fraude e que eu não mereço nada do que conquistei”.

Anos antes, o mesmo pensamento também atormentava Kate Winslet. “Eu acordava de manhã, antes de ir para uma gravação e pensava `não posso fazer isso. Eu sou uma fraude”, contou à Interview.

Ambas sensações são resultado de um fenômeno chamado “síndrome do impostor”, que, segundo um estudo realizado pela psicóloga Gail Matthews, da Universidade Dominicana da Califórnia, nos Estados Unidos, atinge em menor ou maior grau 70% dos profissionais bem-sucedidos, principalmente mulheres.

E você pode ser um deles.

As vítimas da síndrome são pessoas que jamais creditam seu sucesso à inteligência, competência ou habilidade pessoal. “Elas se convencem de que os elogios e reconhecimento de outros em relação à sua conquista não são merecidos, atribuindo suas realizações à sorte, a algum encanto repentino, contatos ou outros fatores externos”, explica a psicóloga americana Valerie Young, autora do livro “Os pensamentos secretos das mulheres de sucesso”.

Soma-se a isso a sensação de que, a qualquer momento, a sua incompetência será descoberta. Pronto, está aí o pacote completo para a identificação da baixa autoestima profissional. “Não importa o que tenha realizado ou o que as pessoas pensam, no fundo, você está convencido de que é um impostor, uma farsa, uma fraude”, acrescenta a especialista.

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Segundo Valerie, este fenômeno costuma aparecer em momentos de transição ou quando se é confrontado com um novo desafio, que costuma vir “acompanhado de uma carga tremenda de ansiedade e insegurança”. E aí, inconscientemente, as pessoas com a síndrome do impostor começam a mudar, adotar comportamentos que funcionem como mecanismos de defesa e enfrentamento.

A psicóloga listou os sete sinais mais comuns identificados por ela e pelas psicólogas Pauline Clance e Suzanne Imes, que descobriram o fenômeno. Descubra se você é uma das vítimas:

1. Você se tornou um workaholic insano.

“Se você acredita que todos ao seu redor são inerentemente mais inteligentes ou capazes, então uma maneira de evitar ser descoberto é contar com um esforço extraordinário para encobrir sua suposta inaptidão”, escreveu Valerie em seu livro.

E aqui não se trata de trabalho duro, mas de uma obsessão por todos os aspectos de uma apresentação, relatório, reportagem, ou qualquer que seja o trabalho em questão.

Assim, você reconhece na quantificação do trabalho a medida mais tangível da sua competência e pensa: “Posso não saber o que diabos estou fazendo, mas pelo menos ninguém poderá me culpar por não dar 150%”.

Quanto mais sucesso você conquista sendo workaholic, menos chances você acha que tem de ser descoberto como uma fraude.

2. Ou você tem se esforçado menos?

Este caso é completamente oposto ao anterior. Você sabe que poderia ir mais longe, mas não vai, porque, se falhar, prefere que as pessoas acreditem que foi por preguiça e não por burrice ou incapacidade.

“Além disso, quanto menos razões as pessoas têm para julgar seu desempenho, melhor a chance de ser julgado”, pontua Valerie.

“Parte de você entende que empreender esforços para atingir um objetivo também o torna vulnerável. Afinal, e se você dedicar todo esse tempo e energia para construir um negócio e, de repente, falhar? Não, é muito menos doloroso não tentar do que expor-se ao julgamento dos outros e deixar a desejar. Além disso, se nunca realmente der o máximo, você sempre pode alegar (ao menos a si mesmo) que poderia ter sido um grande artista, escritor, líder ou advogado – isto é, se realmente tivesse tentado.”

3. Você adota a discrição absoluta ou, quando ser discreto não resolve, parte para mudanças desenfreadas.

Na hora de escolher uma área ou carreira, você aponta sempre para aquelas que lhe permitem ser autônomo ou relativamente imperceptível. Dessa forma, você sente que pode manter sob controle qualquer tipo de avaliação ou fiscalização de rotina a que funcionários de empresas costumam ser submetidos.

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Agora, quando a única opção viável de emprego é em uma área impossível de permanecer com segurança sob o radar dos chefes, você adota um perfil constante de mudanças.

“Como impostor, tem a sensação de ter um grande alvo nas costas. Que melhor maneira de esquivar-se daqueles que acredita terem superestimado suas habilidades do que sendo um alvo móvel?”, conta a psicóloga.

4. Você usa o seu carisma para conseguir aprovação.

Na tentativa de encontrar ao menos uma pessoa para reconhecer o seu brilho, você usa habilidades sociais para causar boa impressão, já que não acredita em seu intelecto.

“O problema é que, se seus esforços forem bem-sucedidos, você dispensará a resposta positiva, acreditando que somente podem pensar que é especial, porque gostam de você. Além disso, na sua cabeça, precisar de aprovação externa apenas confirma que você é uma fraude”, dizem Clance e Imes.

5. Você procrastina tudo que pode.

Adiar o trabalho se tornou uma desculpa pronta para te afastar de qualquer situação que possa “desmascarar” a sua falha.

“Você diz para si mesmo que é por que você ‘funciona melhor sob pressão’.

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Talvez seja isso, mas também sabe que, ao deixar tarefas importantes para o último minuto, há mais chance de que a qualidade seja prejudicada”, explica Valerie. E aí a desculpa será sempre o tempo e não a sua possível incapacidade.

6. Você nunca termina nada.

“Não terminando nada, você não só se protege de uma possível descoberta, como também, efetivamente, evita a vergonha de ser criticado. Afinal, se alguém questiona seu trabalho, seu talento ou seu conhecimento, você pode sempre insistir que o trabalho ‘ainda está em andamento’ ou que ‘você está apenas se aventurando.’”

7. Você apela para a autossabotagem no trabalho.

O medo de ser exposto gera tanta ansiedade que você, sem perceber, faz coisas para minar qualquer perspectiva de sucesso.

Você chega atrasado ou vai despreparado para um teste importante ou compromisso. Na noite que antecede uma apresentação, você fica acordado até tarde ou bebe loucamente. Afinal, se você se der mal, pode culpar o cansaço ou a ressaca. Já se for bem, então, se sente digno, porque sabe que se safou dessa vez.

Liberte-se!

Valerie aconselha que, identificado o problema, é essencial que a pessoa comece a tirar bons proveitos de possíveis falhas, que, inevitavelmente, vão acontecer uma hora ou outra.

Escolha um objetivo para enfrentar, mas não foque no erro.

Pense nas lições que pode tirar se fracassar. E, se por algum momento você voltar a pensar que a “Polícia dos Sem Talento” vai chegar para te prender, lembre-se de quantos aumentos salariais, promoções, prêmios e elogios você já conquistou na carreira. Nada aconteceu por acaso!

(Autora: Daniela Carasco)
(Fonte: brasilpost.com.br )

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