Um casamento feliz depende não apenas de sexo, mas de “compatibilidade social”. Um terapeuta de casais explica como você pode avaliar se alguém pode ser sua cara metade.

Casar é uma das decisões mais importantes da vida, não resta dúvida. Mas como ter certeza que você encontrou a pessoa certa? O terapeuta de casais e cofundador do Instituto Casais de Menlo Park, na Califórnia, Peter Pearson respondeu a essa pergunta a convite do site Business Inside.

Química foi sua primeira resposta. “A química não é tudo, mas se não estiver lá, fica difícil de superar. Se há muita diferença dessa química, ou seja, se ela existe mais para um do que para o outro, também cria-se uma grande dificuldade. Da mesma forma que é problemático construir uma paixão se há pouca química. Se eu soubesse uma forma de fazer isso, estaria mais rico que o Bill Gates.”

O psicólogo não se refere apenas à química sexual, mas também a “social”, que desempenha um papel determinante na relação. Como você se sente quando está com o outro? Esse “como eu me sinto” pode ser investigado através do olhar do psicólogo canadense Eric Berne. Nos anos 1950 e 60, Berne desenvolveu a “análise transacional”, um modelo que tenta fornecer um relato de como duas pessoas se relacionam.

A teoria de Berne diz que cada pessoa tem três “estados de ego”:

O pai: O que você foi ensinado

A criança: O que você sentiu

O adulto: O que você aprendeu

Quando duas pessoas são realmente compatíveis, elas se conectam ao longo de cada uma dessas camadas. Pearson dá exemplos de algumas perguntas para descobrir a compatibilidade em cada nível.

• O pai: Você tem valores e crenças semelhantes sobre o mundo?

• A criança: Vocês se divertem juntos? Vocês gostam de viajar juntos? Você consegue ser espontâneo? Você acha o seu parceiro excitante?

• O adulto: Você acha o outro brilhante? Vocês são bons em resolver problemas juntos?

Apesar de simetria em todos os níveis ser o ideal, o terapeuta afirma que muitas vezes os casais se formam “para equilibrar o outro”. Uma pessoa pode se identificar como divertido e aventureiro, enquanto o outro assume o papel de nutrir e ser o responsável.

Apesar de funcionarem nas comédias românticas, os casais que são como água e vinho não são exatamente sustentáveis na vida real. “Dá certo até que alguém se cansa. Até que uma das partes grita: ‘Estou cansado de ser o responsável aqui!’”, diz Pearson.

Quando isso acontece (ou, de preferência, antes que isso aconteça), o casal precisa passar pelo processo de “diferenciação”.

Ellyn Bader, esposa de Pearson e cofundadora de sua clínica, descreve como essa etapa funciona. “As pessoas têm que entrar em acordo com a realidade de que são realmente diferentes, de que o outro é diferente do que ela pensava ou desejava, que o parceiro é diferente, tem sentimentos e interesses diferentes.”

Ela alerta que há dois componentes neste processo. “Existe a própria diferenciação. ‘Este sou eu e o que eu quero.’ Refere-se ao desenvolvimento de uma ideia independente de si próprio, saber o que eu penso, quero, preciso, sinto, desejo.”

O segundo envolve a diferenciação do outro. “Quando essa etapa é bem-sucedida, o casal adquire capacidade de ficar separado e envolvido ao mesmo tempo.” O segredo para sobreviver a esse processo e manter a compatibilidade é esforço, diz Ellyn.

Embora defenda esse modelo teórico, Pearson diz que as melhores pistas sobre a real compatibilidade vêm do coração, e não da razão.

A prova de fogo para ele é: “Você vive com seu parceiro e ele viaja por alguns dias. Você vê um lenço, um par de sapatos ou outra peça de roupas, como se sente? Fica irritado porque tem que recolher aquilo ou o objeto traz lembranças felizes?”

A resposta pode dizer muito sobre como seus três estados de ego se relacionam com o de seu parceiro.

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(Fonte:revistamarieclaire)

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