Eu sempre carreguei o mundo nas minhas costas.

Eu sentia uma responsabilidade que nunca foi compatível com a idade que tinha no momento.

Achava que eu era responsável por manter meus pais felizes, por mantê-los casados, por manter minha família unida. Quando eles discutiam, eu achava que era algo que eu não estava fazendo direito.

Achava que eu era responsável pelas vidas de todas as pessoas que já trabalharam para mim. Quando tive que demitir alguém, achava que eu estava causando um mal àquela pessoa e àquela família.

Achava que eu era responsável por todas as tentativas frustradas de relacionamento que não deram certo. Quando o relacionamento não evoluía, eu me culpava por estar fazendo algo errado.

Eu achava que meus amigos sofreriam muito se eu faltasse a um aniversário ou se não retornasse uma ligação. Quando não conseguia ir a um evento, eu achava que precisava ligar imediatamente para me explicar.

Eu me sentia culpado. Muito culpado por todas essas coisas.

E por isso eu carregava um fardo gigante nas minhas costas.

Um fardo que meus 30 anos não conseguiam carregar. Que meus ‘um e sessenta e tantos’ de altura não podiam suportar.

Mas então eu entendi uma coisa que mudou minha vida.

Eu não sou tão importante assim quanto imaginava.

Eu sofria por algumas situações que as pessoas não estavam nem aí.

Eu continuava pensando em situações que tinham acontecido vários dias ou meses atrás e achava que as pessoas ainda estavam falando de mim.

E enquanto fui entendendo que ninguém estava nem aí pra mim, fui vendo que isso acontecia com outras pessoas também.

Uma amiga minha que disse que vinha sofrendo por mais de 10 anos por achar que seu ex-namorado começou a fumar maconha quando ela terminou com ele.

Uma outra que acha que é ela que mantém os pais casados.

Um amigo que não pode faltar nunca a um jantar com os sogros porque vai decepcioná-los.

Ou aquele que não pode morar fora porque tem familiares aqui e acha que eles precisam dele.

Nós nos fizemos escravos de nós mesmos. Escravos da própria imagem que a gente projetou.

A grande verdade é que cada um é responsável pela própria vida.

Se uma pessoa sofre, é ela quem precisa resolver.

O ser humano é muito mais complexo do que a gente imagina. Não temos capacidade nenhuma de entender o que se passa na vida de outra pessoa. São milhares de variáveis. Traumas de infância,
relação com os pais, vidas passadas, karma, acordos de alma. Tem tanta coisa que não sabemos e ainda assim, agimos como se soubéssemos.

Como se aquele pequeno comportamento que fizéssemos fosse responsável pela infelicidade da vida toda de uma pessoa.

Calma lá! Não é bem assim.

Você não é tão importante quanto imagina.

Você não é responsável pela vida de ninguém. Nem mesmo dos seus pais ou dos seus filhos.

Cada ser veio aqui para evoluir e se libertar das próprias amarras. Cada um está aqui para se libertar da sua própria ilusão.

Você pode ajudar quem você quiser. Mas as coisas não acontecem por causa de você.

Pegue leve com você mesmo. A vida fica mais fácil assim.

Eu parei de achar que era responsável por tudo. Vi que eu não tinha tanta importância assim.

Quando você se dá conta de que não é tão importante assim, você pode ser você mesmo. Você pode ser quem você é de verdade.

E isso muda tudo! Ser quem você é é a chave da vida.

E quando entendi isso, eu consegui passar a viver uma vida mais leve.

Eu ainda tenho altos e baixos. Ainda tem vários momentos em que acho que sou muito importante. E que me sinto responsável por tudo o que acontece na vida de outras pessoas.

Mas só de ter consciência disso, eu volto a me colocar em perspectiva e entender que sou apenas uma pequena parte do todo. Como uma única célula no corpo humano.

Uma única pecinha do planeta Terra.

(Autor: Gustavo Tanaka)

(Fonte: medium.com)

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