O romance O Pequeno Príncipe, de Antonie de Saint-Exupéry, mostra como o ser humano, muitas vezes, comete o erro de confundir o amor com muitas outras coisas, inclusive sentimentos que não sabemos muito bem como nomear.
Um dos erros, por exemplo, é quando cremos que ter a posse do outro, o controle, é uma das formas de se demonstrar este amor. Pois o Pequeno Príncipe mostra que não é.
No capítulo sobre a Rosa, a flor e o protagonista tem uma conversa em que os dois mostram a diferença do que sentem um pelo outro: amor e carinho, amar e querer. Segundo o autor, quem projeta sua cosmovisão nos diálogos dos dois personagens, erra, pois esses sentimentos jamais podem ser os mesmos.
Por isso, pode-se dizer que nossos olhos muitas vezes nos enganam, e isto pode acontecer ao analisar alguns quadros da história da arte, acreditando que eles retratam tudo que gira ao redor do amor, quando, na verdade, estas obras nasceram justamente de seu oposto.
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Assim como o Pequeno Príncipe explica para a rosa, o amor não é posse, repressão, sofrimento e controle: amar é ser livre ao lado de outro ser livre, que só consegue amar quando vive essa liberdade.
Confira 6 quadros com histórias de amor trágico que você sempre pensou que fossem românticas:
1- A Noiva do Vento, de Oskar Kokoschka
Longe de ser uma obra sobre dois apaixonados, o que estes amantes representam é a tragédia de um amor que desapareceu com o vento.
Kokoschka pintou um casal deitado logo após sexo e momentaneamente unidos, o que não pode ser visto como sinônimo de amor. Ao contrário, seus rostos mostram angústia por saber que seu romance será arrastado junto com a tempestade, uma das mostras disto está no fato de o artista não ter feito os olhos daqueles que ainda parecem estar fisicamente juntos se encontrarem.
Entretanto, apesar desta dor, ambos estão ligados por um sentimento real.
2- Suzanna e os Velhos, de El Tintoretto
Um dos quadros mais famosos do pintor italiano, Susana é uma obra que representa a versão grega do ” Book of Daniel” , em que uma mulher bonita e amedrontada é espionada por dois velhos que querem forçá-la a ter relações sexuais com eles, ameaçando divulgar para o mundo, através de suas criadas, que ela engana o marido Joaquin com um outro rapaz jovem.
Encularrando a moça com a promessa de revelação da mentira, eles coagem a moça em uma cena absurda de estupro, bastante pertinente para denúncia nos tempos atuais.
A primeira vista, Susanna e as pessoas idosas parecem refletir uma espécie de paz, mas é possível notar que, enquanto ela se olha no espelho, o homem escondido ao fundo espia a moça com desejo.
A versão poética e de história de amor, provavelmente, surgiu posteriormente.
3- Leda e o Cisne, de Michelangelo
Os cisnes são considerados animais bonitos e elegantes e, na obra Leda e o Cisne, o encontro de um deles com uma mulher nua, pode parecer algo íntimo e bonito.
A verdadeira lenda que inspirou esta pintura é baseada no dia em que Zeus desceu do Olimpo na forma de cisne para encontrar com Leda ao lado do rio Eurotas.
Com a capacidade de se transformar em qualquer animal, Zeus tem o poder de seduzir qualquer mulher que desejava, enganando com jogos que buscam dominação e violência.
Assim foi com Leda que engravidou de quatro filhos que a empregada tinha de gerar colocando dois ovos.
4- O Balanço, de Jean Honoré Fregonard
Embora as flores, cores e expressões de caixa nos remetam a uma paisagem muito romântico na qual a bela senhora sai para um passeio com o homem a quem pertence seu coração, “The Swing” é uma alegoria da decadência do romantismo.
A mulher feliz sobre o jovem deitado sobre as flores, é a esposa maliciosa do homem que puxa o balanço para próximo dele.
Tudo o que se reflete na pintura Fragonard é o adultério, o pecado e o mundo aristocrático em que quase tudo girava em torno de interesse econômico. Quase tudo, até o amor.
5- Salomé, de Lévy Dhurmer
O que parece a imagem de um beijo ingênuo de amor, é, na verdade, o beijo mórbido de Salomé ao receber a cabeça degolada de João Batista.
A degola foi um pedido de aniversário feito por ela e prometido por Herodes que entrega a cabeça do pregador em uma bandeja de prata, tal como aparece na obra de Dhurmer.
6- O Beijo, de Gustav Klimt
O quadro O Beijo sempre é visto como uma espécie de sonho de amor e nos leva a ver duas pessoas totalmente em sintonia no que seria o mais profundo de uma paixão.
Klimt, na verdade, pintou uma triste despedida entre Daphne e Apollo que ocorre pouco antes dela se tornar laureada.
O processo de metamorfose que a amada de Apollo está prestes a sofrer, leva-o a tirar as mãos para coloca-las no rosto da amada. Dafne, em vez de sentir amor, ajoelha-se para entregar-se à sua nova vida.
É por isso que na obra, de uma forma muito orgânica, vemos como os as raízes de algumas plantas começam a emergir do solo.
(Fonte: notaterapia.com.br )
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