A distância afetiva é um indicador claro de que há uma crise no relacionamento. Esse vínculo está estreitamente relacionado com a intimidade, com a partilha e com o desfrutar um do outro, sendo um dos pilares essenciais. É por isso que esse vínculo afetivo exige um cuidado contínuo.
Quando nos preocupamos com a relação que estamos vivendo com aquela pessoa que consideramos tão especial nós aguardamos, prestamos atenção e cuidamos de todos os aspectos que reforçam o vínculo. Além disso, fazemos isso sem outra finalidade que não a de olhar juntos para um futuro compartilhado.
Isso seria o ideal; no entanto, muitos relacionamentos começam quando os envolvidos estão cheios de expectativas, histórias do passado, medos e inseguranças. Isso complica bastante a comunicação, provoca mal-entendidos e, por fim, gera uma distância afetiva.
Ter consciência desses momentos críticos, atendendo aos sinais que vão aparecendo, pode nos ajudar a construir um relacionamento sólido que não irá acabar diante de um pequeno conflito.
“Sem o amor que encanta, a solidão de um eremita espanta. Mais e mais espantosa é todavia a solidão de dois em companhia!”
-Ramon de Campoamor-
O que implica a distância afetiva?
Conhecendo ou não o significado da distância afetiva na teoria, isso é algo que você certamente experimentou em qualquer relacionamento, seja familiar, profissional, de amizade ou romântico. Nossos laços emocionais tendem a passar por diferentes fases e é inevitável estar menos presente na relação diante de certas circunstâncias.
O vínculo afetivo nos une à outra pessoa, nos permitindo oferecer a nossa atenção, escuta e compreensão. É um ato de amor em que não se espera nada em troca. Nessa ligação existe a intimidade, a confiança, o carinho e o cuidado mútuo, sendo essas características básicas.
O vínculo afetivo é a base para que se mantenha o amor e para que os conflitos e as dificuldades sejam simples pedras no caminho: desafios para ultrapassar em conjunto e sair mais forte. A distância afetiva, ao contrário do que se acredita, não significa evitar conflitos, mas envolve criar obstáculos ao amor, para que não se desenvolva.
“Os conflitos reais entre duas pessoas, aqueles que não servem para encobrir ou projetar, mas são experimentados no nível profundo da realidade interior a que pertencem, não são destrutivos. Levam ao esclarecimento e produzem uma catarse da qual ambas as pessoas emergem com mais conhecimentos e mais vigor.”
-Erich Fromm-
Falta de intimidade e contato sexual
Muitas dificuldades que se apresentam no relacionamento servem como indicadores de que algo não está certo. Fazer ouvidos de mercador ou colocar uma venda nos olhos não só complica tudo, mas também é o prelúdio para a destruição do vínculo afetivo entre o casal.
A intimidade no relacionamento é uma das chaves fundamentais para atender, já que um pequeno descuido destrói a comunicação, a confiança, o desejo sexual e o desejo de compartilhar gostos e paixões. Quando as situações de intimidade com nosso parceiro nos incomodam, é necessário prestar atenção ao problema que há por trás.
O contato sexual pode, por sua vez, ser destruído, visto que há menos apetite, diminui a paixão e os encontros sexuais são cada vez menos frequentes. Esses sinais, se não houver outros problemas mais graves que os ocasionam, são indicadores de que há uma distância afetiva no relacionamento.
A intimidade e as relações sexuais são aspectos muito importantes no relacionamento; é por isso que servem como sinais de crise no casal.
Manipulação e isolamento
Quando os casais acumulam problemas não resolvidos, mesmo que sejam pequenas coisas, eles criam o hábito de não mostrar suas emoções. Eles se trancam cada vez mais em seus próprios mundos, se isolam e se esquivam. Dependendo do casal, isso poderá causar fortes brigas pelos menores motivos. É também uma fonte de silêncio, tédio e falta de interesse em estarem juntos.
A manipulação nesse sentido está constantemente presente, já que se cada um não expressa o que precisa e o que quer dentro do relacionamento, isso acaba se mostrando por meio de censuras, chantagens, vitimização e todo um repertório de atitudes que tornam o relacionamento tóxico. Essa situação indica claramente uma distância afetiva.
Quando estamos confusos, gravemente afetados, desorientados e sem recursos para lidar com a situação que estamos vivendo no nosso relacionamento, podemos chegar a perceber a situação como insuportável. Essa é precisamente a maneira em que a distância afetiva começa a ser cada vez maior.
A verdade é que, para tentar evitar a dor emocional, nos afastamos, fugimos porque sentimos que é a única maneira de nos esquivarmos de um gelo que não podemos quebrar e que cresce cada vez mais. Por isso, o principal inimigo da distância emocional é a comunicação.
“O amor é um desafio constante; não é um lugar de repouso, mas é mover-se, crescer, trabalhar em conjunto; em harmonia ou conflito, alegria ou tristeza, isso é secundário em relação ao fato fundamental de que duas pessoas se experimentam mutuamente a partir da essência de sua existência, que são uma com a outra por serem uma consigo mesmas, em vez de fugir de si mesmas. Só há uma prova da presença do amor: a profundidade da relação e a vivacidade e o vigor em cada pessoa envolvida; este é o fruto pelo qual o amor é reconhecido.”
-Erich Fromm-
(Fonte Original: lamenteesmaravillosa.com)
*Texto traduzido e adaptado pela equipe Fãs da Psicanálise.
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