Você já passou por uma experiência prejudicial e ameaçadora que demandou esforço extraordinário para enfrentamento ou sobrevivência? Se sim, como foi que você ficou depois do trauma?
Caso você tenha apresentado sintomas perturbadores após tal experiência, por pelo menos um mês, e tais perturbações tenham causado sofrimento ou prejuízo significativo ao seu funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes de sua vida, você pode ter apresentado transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
Como diagnosticar?
As consequências emocionais do trauma psicológico foram reconhecidas e descritas por autores como Charcot, Freud e Janet. Entretanto, foi com o uso de critérios diagnósticos definidos mais claramente que se iniciou o estudo sistemático do transtorno de estresse pós-traumático.
De acordo com a Associação Americana de Psiquiatria, os critérios diagnósticos para TEPT são:
– Exposição a um evento traumático caracterizado por morte ou grave ferimento ou ameaça à integridade física própria ou de outros, e a resposta da pessoa envolveu medo intenso, impotência ou horror;
– O evento traumático é persistentemente revivido em uma ou mais das seguintes maneiras: recordações e sonhos aflitivos, recorrentes e intrusivos sobre o evento, flashbacks, sofrimento psicológico e reatividade fisiológica na exposição a indícios externos que lembram o evento traumático;
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– Esquiva persistente de estímulos associados ao trauma e entorpecimento da reatividade geral, com base em pelo menos três dos seguintes quesitos: esforços para evitar pensamentos ou conversas associados ao trauma; evitação de atividades, locais e pessoas que ativem a recordação do trauma; incapacidade de recordar algum aspecto importante do evento; redução acentuada de interesse ou da participação em atividades significativas; sensação de distanciamento em relação a outros; afeto restrito e sentimento de um futuro abreviado;
– Sintomas persistentes de excitabilidade aumentada indicada por dois ou mais quesitos: dificuldades com o sono; irritabilidade ou surtos de raiva; dificuldade em concentrar-se; hipervigilância e resposta de sobressalto exagerada.
Alterações neurológicas
Uma causa possível, apontada por estudos, para o surgimento dos sintomas após situações de estresse é uma alteração no hipocampo, uma área do cérebro que desempenha um papel crucial na aprendizagem e na memória.
Pessoas que sofreram um trauma, e, posteriormente apresentaram os sintomas do TEPT, denotaram uma falha na ativação do hipocampo e menor volume de tal estrutura, em comparação com pessoas que não passaram por esse estresse.
Serviços de emergência e TEPT
O transtorno de estresse pós-traumático é uma das formas mais frequentes de adoecimento mental de trabalhadores em serviços de emergência. Isso porque tais profissionais (bombeiros, profissionais de ambulância e profissionais em hospitais) são expostos constantemente a eventos ocupacionais adversos, podendo influenciar negativamente a saúde mental.
Eles atuam em contextos que exigem respostas rápidas visando à eficácia dos atendimentos. As situações enfrentadas por esses profissionais frequentemente são imprevisíveis e de risco para as suas próprias vidas e para as vidas das vítimas socorridas.
Bullying e TEPT
Diversas pesquisas também indicaram correlações positivas e significativas entre bullying e o aparecimento de sintomas do TEPT. Diante do fato de que a exposição dos estudantes ao bullying em diferentes países é relativamente alta, há grande incidência de sintomas do TEPT entre os estudantes.
Tratamento
A terapia cognitivo-comportamental tem apresentado excelentes resultados no tratamento do TEPT. O tratamento farmacológico também pode colaborar no tratamento, sendo caracterizado pela associação de medicamentos antidepressivos, inibidores seletivos da recaptação de serotonina e ansiolíticos.
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O transtorno de estresse pós-traumático, quando não tratado, pode resultar em depressão e síndrome do pânico. Então, o quanto precoce for o diagnóstico, mais promissores serão os resultados do tratamento.
Referências: American Journal of Psychiatry, Psicologia: Teoria e Pesquisa, Revista Brasileira de Epidemiologia, Revista Brasileira de Psiquiatria
(Autoria: LISAM-UFU (Liga Acadêmica de Saúde Mental da Universidade Federal de Uberlândia ))
(Fonte: meucerebro.com)
*Artigo publicado com autorização do site